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Reconhecimento e veneração aos Orixás nas canções da MPB

  • Foto do escritor: Paulo de Oxalá
    Paulo de Oxalá
  • há 9 horas
  • 3 min de leitura
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Fotos: discos de Umbanda, Candomblé e artistas - internet



Os Orixás mais cantados e gravados em discos


Quando em 1910 a Yalorixá Ciata de Oxum, Yakekerê da casa do Senhor João Alabá de Omolu, no Rio de Janeiro, iniciou rodas de samba de terreiro recebendo os maiores conhecedores do gênero da época, começava ali uma fusão cultural que jamais se separaria. O toque do atabaque se misturou ao batuque do tambor de quintal, dando forma ao samba brasileiro, que logo passou a incorporar nomes de Orixás e palavras de origem africana em suas letras.


Esse movimento abriu caminhos para que sacerdotes da Umbanda registrassem em discos os pontos cantados dos terreiros. A partir desse impulso, a música religiosa de matriz africana começou a atravessar os limites dos espaços sagrados e alcançar o grande público, tornando-se parte da memória sonora do país.

 

Os primeiros discos de terreiro

 

Nos anos 1960, trabalhos pioneiros ganharam destaque, como os de J.B. de Carvalho, conhecido como o Rei da Macumba. Ele lançou álbuns marcantes como Melodias da Umbanda em 1960 e J.B. de Carvalho e Seu Terreiro em 1970, levando ao vinil cantos que até então circulavam apenas nos terreiros.


Ao lado dele, outros sacerdotes e divulgadores tiveram papel fundamental nesse processo, entre eles Cicica, Paulo Newton de Almeida, Átila Nunes e Arlete Moitta. No Candomblé, o inesquecível Luís da Muriçoca apresentou cânticos que até hoje são reproduzidos mantendo a mesma linha melódica.

Esses nomes foram responsáveis por mostrar ao público urbano e radiofônico uma musicalidade profundamente ligada à fé, à ancestralidade e à tradição oral afro-brasileira.

 

A chegada à música popular

 

Com o passar dos anos, cantores e compositores da música popular brasileira passaram a incorporar de forma mais explícita os Orixás, símbolos e palavras africanas em suas canções. Esse movimento se fortaleceu ainda mais quando as escolas de samba passaram a desenvolver enredos ligados à religiosidade afro-brasileira, ampliando o alcance dessas narrativas para milhões de pessoas.


Nesse cenário, poucos nomes foram tão decisivos quanto o de Clara Nunes. A cantora se tornou uma das maiores divulgadoras da cultura dos Orixás na música popular, tratando o tema com respeito, beleza e protagonismo. Álbuns como Claridade de 1975, As Forças da Natureza de 1977, Nação de 1982 e A Deusa dos Orixás de 1984 exaltam a ancestralidade africana e consolidam essa presença no cancioneiro nacional.

 

Os Orixás mais cantados e gravados

 

Entre os Orixás mais citados e celebrados nas canções brasileiras, Yemanjá e Oxum ocupam lugar de destaque. Suas imagens, ligadas às águas, à maternidade, ao amor e à proteção, inspiraram compositores de diferentes gerações e estilos.

Yemanjá, conhecida como Rainha do Mar e mãe de muitos Orixás, é presença constante em canções populares, especialmente na Bahia e no Rio de Janeiro, onde suas festas mobilizam multidões. Dorival Caymmi, Clara Nunes e Maria Bethânia estão entre os artistas que eternizaram sua força em suas canções.


Oxum, associada às águas doces, à beleza e à sensibilidade, é frequentemente lembrada como a Orixá que encanta e inspira. Sua influência aparece de forma marcante na música brasileira, com destaque para a canção É d’Oxum, de Gerônimo e Vevé Calasans, que se tornou um clássico reverenciado por diferentes gerações e foi gravado pelo Grupo Ticoãs.

Ogum, Orixá guerreiro e em muitas regiões sincretizado com São Jorge, tem presença forte especialmente no samba. Canções de Jorge Ben Jor, como Jorge da Capadócia e Domingo 23, além de Ogum, de Zeca Pagodinho, reafirmam sua popularidade e sua ligação com a luta e a proteção.


Xangô, associado à justiça, ao fogo e aos trovões, também ocupa lugar central no imaginário musical brasileiro. Sua figura aparece em canções que evocam força, equilíbrio e poder, como a atual música Xangô, interpretada por Luedji Luna, que dialoga com a ancestralidade em linguagem contemporânea.

 

Uma herança que moldou a música brasileira

 

É inegável a presença dos nomes dos Orixás e das palavras de origem africana na música popular brasileira. Essa musicalidade revela a influência profunda e a enorme contribuição das religiões de matriz africana na construção da cultura nacional.


Sem essa herança, a música brasileira não teria alcançado a riqueza rítmica, poética e espiritual que hoje a projeta para o mundo. Os Orixás seguem cantando o Brasil, atravessando gerações, ritmos e palcos, reafirmando que fé, cultura e identidade caminham juntas na história do país.

 

Ohun tí àwọn Òrìṣà so pọ̀, kì í jẹ́ kí ẹnikẹ́ni yà! (Aquilo que os Orixás uniram, ninguém separa!)

 

Axé para todos!

 


 
 
 

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Tags: Babalorixá, Simpatia, Búzios, Tarot e numerologia

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