Axé no Prêmio Verger, e na legitimidade dos casamentos afro-religiosos
- Paulo de Oxalá

- há 1 dia
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Foto: Uenni Batista e casamento no Orixá /Rebeca Andrade / arquivo Pai Paulo
Avanços e conquistas no reconhecimento das religiões de matriz africana
Povo de axé, povo de luta, povo de fé. Ao longo da história, a busca pelo reconhecimento das religiões afro-brasileiras sempre esteve ligada à resistência, à preservação da ancestralidade e ao enfrentamento do racismo religioso. Ver o Candomblé e a Umbanda ocuparem espaços de legitimidade institucional, cultural e simbólica é afirmar que nossa fé é parte viva e essencial da sociedade brasileira.
Nesse caminho, o reconhecimento legal dos casamentos religiosos celebrados em terreiros de Umbanda e Candomblé no estado do Rio de Janeiro representa um avanço histórico. A lei sancionada pelo governador Cláudio Castro, de autoria dos deputados Átila Nunes e Yuri Moura, reconhece Babalorixás, Yalorixás, pais e mães de santo como autoridades religiosas aptas a celebrar matrimônios que podem ser posteriormente convertidos em casamento civil. Trata-se de um passo concreto na garantia de direitos, no fortalecimento da liberdade religiosa e na equiparação das religiões de matriz africana às demais tradições reconhecidas pelo Estado.
No campo da cultura e da memória ancestral, o Prêmio Pierre Verger reafirma a importância de quem narra a própria história a partir de dentro. A fotógrafa pernambucana Uenni Batista, vencedora da décima edição do prêmio com a série Canjerê dos Pretos Velhos na Jurema Sagrada, apresenta um trabalho profundamente comprometido com a ancestralidade, a espiritualidade e o respeito às comunidades tradicionais. Suas 19 fotografias, fruto de anos de convivência em terreiro no território afro-indígena de Paratibe, em Pernambuco, rompem com olhares coloniais e constroem uma narrativa legítima sobre o povo de santo, feita com autorização, cuidado e pertencimento.
Eu, Pai Paulo de Oxalá, sempre ressalto a importância de iniciativas como essas. O reconhecimento institucional e a valorização cultural caminham juntos no enfrentamento do racismo e da intolerância religiosa. Quando a lei reconhece nossos ritos e a arte reconhece nossas histórias, toda a sociedade avança. São conquistas que fortalecem a visibilidade do povo de santo, afirmam nossa dignidade e inscrevem, de forma definitiva, as religiões de matriz africana na história oficial do Brasil.
Ìtẹ́wọ́gbà ń mú ìbọ̀wọ̀ wá! (O reconhecimento promove o respeito!)
Axé para todos!




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