A luz de Oxaguian no axé da semana do Natal

Foto: O Natal de Oxalá e Jesus - IA-inspirada na visão religiosa de Pai Paulo de Oxalá

Oxalá e Jesus Cristo como expressões da resistência da fé

A semana do Natal se abre sob a vibração serena e ao mesmo tempo firme de Oxaguian, a força jovem, guerreira e transformadora de Oxalá. É um tempo em que o branco deixa de ser apenas cor e se torna estado de espírito. Branco de paz, de silêncio interior, de reorganização da vida e dos afetos.

Oxaguian pertence ao grupo dos Orixás funfun, ligados diretamente a Olódùmarè, a força criadora que sustenta o universo. Ele carrega a missão de estruturar, alinhar e dar forma ao que existe. Se Oxalufã ensina a paciência do tempo, Oxaguian recorda que a renovação também exige movimento, coragem e atitude.

Na tradição yorubá, Oxaguian é lembrado como Akinjolé, jovem líder, estrategista e fundador da cidade de Èjigbò. Um Orixá que não apenas pensa o mundo, mas caminha por ele, enfrenta desafios, organiza espaços e constrói coletividades mais justas. Seu símbolo não se limita à espada ou ao escudo, pois o pilão também o representa, instrumento que transforma o grão bruto em alimento e ensina que crescer exige esforço e constância.

Durante o período colonial no Brasil, os africanos, por meio da fé, encontraram na associação entre Oxalá e Jesus Cristo uma forma de resistência, cuidado e sobrevivência espiritual. Essa junção de identidades revelou uma sabedoria sensível e profunda. Ambos expressam o amor ao próximo, o sacrifício pelo coletivo e a esperança em dias melhores.

O Natal cristão celebra o nascimento de Jesus, mensageiro do amor e da compaixão. Na cosmologia africana, Oxaguian já ensinava que não existe comunidade sem partilha nem futuro sem responsabilidade com o outro. Ele lutou para organizar sua cidade, assim como Jesus enfrentou estruturas injustas para proteger seu povo. Em ambos habita o mesmo princípio, o cuidado com a vida.

Kérésìmésì, como o Natal é chamado em yorùbá, é mais do que uma data. É um chamado à reconciliação, ao afeto que se manifesta em gestos simples, na escuta, no abraço e na presença verdadeira. Sob a regência de Oxaguian, essa semana convida a quebrar durezas internas, a transformar conflitos em aprendizado e a fortalecer laços que sustentam a caminhada.

Que possamos atravessar essa semana com o coração aberto, guiados pela ética, pela solidariedade e pelo compromisso com a paz. Que Oxaguian nos ensine a lutar sem perder a ternura, a agir sem abandonar a espiritualidade e a celebrar sem esquecer o sentido da vida.

Vamos aproveitar, e comemorar as energias de Oxaguian e de Jesus, pois o Natal é encontro, é afeto, é vida.

Ẹ kú Kérésìmésì sí gbogbo! (Feliz Natal para todos!)