Ìyá Janaina nos homenageou, agora é a nossa vez de homenageá-la
- Paulo de Oxalá
- há 2 dias
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Foto: Mãe Janaina de Ossaim / divulgação
Ìyálórìṣà é a senhora das grandes homenagens
Como é doce quando o reconhecimento chega como um abraço aconchegante, cheio de empatia e luz. Ainda mais quando esse reconhecimento vem da sábia doçura de uma mulher que, além de amor, transborda fé e faz do ato de homenagear uma verdadeira oferenda de fraternidade e axé. Essa generosa e tão respeitável mulher se chama Ìyá Janaina de Ossaim. E, se hoje todos nós a reverenciamos, é porque foi ela quem nos mostrou, com a nobreza das folhas sagradas e a firmeza de quem conduz com afeto, que reconhecer o outro é semear respeito e colher gratidão.
Seu nome, de origem tupi-guarani, significa ‘rainha das águas’. Mas, no terreiro da vida, Janaina é mais que isso; é água mansa e tempestade sagrada. É cachoeira que cura, é fonte que floresce, é mãe que acolhe. Quando abraça alguém, é como se Ossaim soprasse folhas sobre nossas dores, e Tranca Ruas abrisse todos os caminhos da alma.
Carioca de São Cristóvão, filha carnal de Ìyá Indiara de Yansã, Janaina Monteiro já nasceu coberta de axé. Aos seis anos, foi consagrada ao Orixá do segredo das folhas, e tão moça, tornou-se guardiã da cura, da sabedoria ancestral e da beleza que só quem conhece o silêncio da mata pode transmitir.
Sua fé é fortaleza. Sua missão, uma estrada aberta por Tranca Ruas, seu fiel guardião. Como dizia minha saudosa e inesquecível Mãe Thereza de Oxalá, “meu filho, quem tem Tranca Ruas tem tudo”. E Mãe Janaina tem. Tem coragem, tem voz, tem presença. Tem o dom de transformar encontros em eternidades e festas em atos sagrados.
Com esse dom, criou a Feira dos Oborós, que não é apenas um evento; é um monumento vivo ao nosso povo de axé. Desde a primeira edição, em 2017, em Duque de Caxias, a Feira cresceu, virou tradição, virou templo a céu aberto. Homenageou nações, funções, famílias espirituais inteiras. A cada edição, mais um capítulo da nossa história é contado, celebrado e respeitado.
Ela, que tantas vezes preparou o palco para que outros brilhassem, hoje é o centro da nossa luz. Ela, que nunca cansa, que se move como redemoinho e cuida como orvalho, hoje recebe o carinho de um povo inteiro.
Hoje, é nossa vez de dizer: obrigado, Ìyá Janaina de Ossaim. Por cada gesto, cada folha, cada abraço. Por plantar com amor e colher com honra. Por nos ensinar que celebrar o outro é também um ato de fé.
A senhora já é parte viva da história das nossas tradições. E quando as futuras gerações de axé fizerem vibrar o couro sagrado dos atabaques e tambores, anunciando as grandes celebrações e eventos do Candomblé, da Umbanda e da espiritualidade ancestral, seu nome ecoará como um cântico de reverência e glória: Ìyá Janaina de Ossaim.
Que Ossaim continue lhe cobrindo com sabedoria, e que Tranca Ruas mantenha todos os seus caminhos abertos. Porque o que a senhora faz, Ìyá, é mais que homenagem. É entrega, é amor, é legado.
Parabéns pela vida e pela história, Mãe Janaina de Ossaim!
Axé para todos!
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