Samba, fé e cultura na festa do Zé Pelintra de Pai Marcello de Ogum
- Paulo de Oxalá
- 5 de jul.
- 4 min de leitura

Foto: Zé Pelintra em Pai Marcello e flyer do evento-divulgação
Mega homenagem celebra a malandragem e a força do povo de axé
No Rio de Janeiro, Zé Pelintra é a própria alma da boemia, do sorriso aberto, da hospitalidade que acolhe, do samba que ecoa madrugada adentro e da alegria de um povo que nunca abandona a fé. De terno branco engomado, sapato bem lustrado e chapéu panamá alinhado, ele é o retrato vivo dessa cidade que não dorme, da malandragem do bem que protege e da força que abre caminhos.
E é toda essa energia malandra que vai ganhar as ruas neste domingo de axé e devoção: o Parque Madureira se transforma no grande reduto da malandragem carioca com uma homenagem de arrepiar. É a gira gigante de Zé Pelintra, comandada por Pai Marcello de Ogum, o sacerdote que transformou uma simples gira de rua em um dos maiores encontros de fé, samba e solidariedade do Rio.
A fé das ruas que inspirou o megaevento
Marcello Guerreiro, ou Pai Marcello de Ogum, tem uma história de fé que se confunde com as ruas da cidade. Tudo começou lá atrás, em 1987, na Vila da Penha, no Abassá de Oxum de Mãe Beth. Foi ali sua grande conexão com os Orixás, onde as suas entidades de Umbanda, Seu Zé Pelintra Baiano e o Senhor Tranca Rua das 7 Encruzilhadas, começaram a orientá-lo em sua trajetória.
Aos poucos, seu trabalho rompeu os muros do terreiro. Nos anos de 96/97, ficou conhecido pelas consultas de caridade na porta do Cemitério de Irajá, onde, toda segunda-feira, o povo fazia fila para ouvir os conselhos do Sr. Tranca Rua.
Em 2008, Pai Marcello foi iniciado na Nação Jeje Mahin, fortalecendo ainda mais sua missão espiritual. Mas foi em 2020 que seu Zé Pelintra, aquele que nunca fica de fora, fez um pedido que mudou tudo:
“Como eu não sou chamado pra nenhuma celebração de rua, eu quero que o meu menino reúna uma multidão em uma praça, para fazer uma grande festa em minha homenagem.”
Recado dado e certamente acatado: assim nasceu o megaevento que hoje reúne centenas de pessoas no Parque Madureira, uma grande corrente de fé, samba, cultura popular e solidariedade.
Zé Pelintra: o malandro que não deixa ninguém na mão
Mais que uma entidade que protege milhares de pessoas, Zé Pelintra é um amigo. É ele quem guarda os trabalhadores de bares e restaurantes, como atendentes e garçons, e também muitos que dependem da noite para sobreviver.
Nesta festa, o público vai reviver um pouco dessa trajetória de Zé Pelintra, que vai desde a vivência no Catimbó pernambucano, passando pelo sertão da Bahia, até se tornar rei da malandragem carioca. Vai ter capoeira, maculelê, jongo, samba de raiz, poesia, batuque de terreiro e aquele axé que só quem já viveu uma gira de Zé Pelintra entende.
Além de Zé, a festa também reverencia outros malandros: Miguelzinho Camisa Preta, Zé Baiano, Maria Navalha, as damas dos cabarés, os malandros das estradas e toda essa turma que ronda morros, cais e becos com sua malícia e proteção.
Cultura, fé e solidariedade
Mais do que festejar, o evento mantém viva a missão social iniciada por Pai Marcello. Desde o primeiro encontro, alimentos são arrecadados e distribuídos para famílias em situação de vulnerabilidade. É a gira que alimenta o corpo, a alma e renova a esperança de quem mais precisa.
Então, gente boa, vista sua roupa branca, ajeite o chapéu e venha com fé. Quando um malandro sorri, o caminho se abre, o samba acontece e ninguém fica parado. Venha agradecer, pedir proteção e fazer parte dessa roda de alegria que também é uma corrente de esperança.
Salve Zé Pelintra!
Viva a malandragem do bem, da vida!
Axé para todos!
Serviço
Evento: Primeiro Encontro de Malandros e Malandras no Parque Madureira. Neste domingo, 6 de julho, às 12h, no Palco Mestre Monarco (Palco do Samba).
A programação está recheada de celebração, homenagens, cultura e fé, com apresentações de Ogans, Curimbeiros, danças folclóricas como capoeira, jongo e maculelê, bailarinos, sambistas coreografando a parte teatral da malandragem, cantores do segmento de axé, grupos musicais, roda de samba, samba de raiz e partideiros.
Ação ecológica, conscientizando o público sobre como fazer oferendas sustentáveis, preservando a natureza e orientando o cultivo de plantas usadas nas tradições espirituais.
Gastronomia diversificada, atendimento com oráculos e expositores de produtos ligados ao tema e afins.
Atenção:
A casa de axé que estiver melhor caracterizada e mais animada concorrerá a prêmios.
Horário das atrações:
13h Roda de Capoeira
14h Genário D’Xangô, Ha1000ton e Mell
15h Juremeiro Dom, Jeff Duarte, Andrea Gitana, Sonia Castro (Poesia)
15h30 Homenagens — Sérgio, Yangô e Terreiros
16h Farinha com Dendê, José Carlos, Carla Brum, Alessandro D’Ogum, Sandro Vieira
17h Bateria Baixada, Viviane D’Passos (Sambadellas), Dany Pantera
18h ASN, Celynho Show, Igor Benatti, Felipe Sobaloju, Yago de Oxaguian, Gabriel Gogô de Ouro e Braguinha
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