Páscoa e Orixás, uma celebração com fé e fartura
- Paulo de Oxalá
- há 5 dias
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Foto: Páscoa no Terreiro – Pai Paulo de Oxalá
Momento une axé e renovação
Pela tradição católica, o Domingo de Páscoa celebra a ressurreição de Jesus Cristo. É tempo de esperança renovada, de recomeço e de profunda alegria espiritual. A Páscoa representa o triunfo da vida sobre a morte, da luz sobre as trevas, da fé sobre o desânimo.
Mesmo não sendo parte da liturgia dos terreiros de matriz africana, muitos Ọmọ Òrìṣà (filhos de Orixás) celebram esse momento com o mesmo espírito de fé e renovação, e têm, em sua história de vida, uma ligação direta com a tradição cristã, pois são batizados na Igreja Católica, frequentaram missas e carregam, em sua formação, a simbologia da cruz e da ressurreição.
Nos terreiros, as festas sagradas também são marcadas por banquetes. Os rituais dedicados aos Orixás envolvem oferendas especiais e o ato de partilhar. No Candomblé e na Umbanda, por exemplo, a comida é muito mais do que sustento: é oferenda, é força, é axé. É a linguagem dos deuses servida em travessas.
Por isso, mesmo que não haja uma “Páscoa dos Orixás”, a lógica da mesa farta está presente. A celebração da vida se expressa em pratos coloridos, em rezas, danças e no acolhimento da comunidade. O espírito da confraternização se mistura ao perfume das folhas e ao sabor dos alimentos consagrados. Os terreiros, assim como as casas cristãs, também se enchem de alegria, de encontro e de gratidão.
A fé africana, que tanto nos ensina sobre ancestralidade e pertencimento, reconhece a importância dos ciclos. E a Páscoa, como tempo de passagem, dialoga perfeitamente com a ideia de transformação tão presente nos caminhos dos Orixás. Òṣàlá, por exemplo, representa a criação, a paz, o recomeço. Yewá, a senhora dos momentos de passagem. Exu, o movimento que conduz todas as mudanças. Todos, à sua maneira, sinalizam que a vida está sempre em fluxo — morre-se um pouco para renascer de novo.
Que neste domingo, seja em uma igreja ou em um terreiro, a renovação seja sentida. Que a mesa seja partilhada com amor. Que a fé, seja qual for, alimente o espírito.
Porque, mais do que símbolos, o que une todas as religiões é a vontade de seguir em frente — com força, coragem e esperança.
Feliz Páscoa, e axé para todos!
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