Partiu para o Ọ̀run Mãe Thereza de Oxalá

Mãe Thereza Fomo de Oxalá

Um legado de fé e vitórias

Estava em descanso quando recebi, com pesar, a mensagem de Ìyá Damiana: nossa querida Mãe Fomo partiu hoje, 18 de maio de 2025, para o Ọ̀run — o plano espiritual.

Nascida no sagrado 29 de junho de 1931, dia de São Pedro, na cidade de Alagoinhas (BA), Mãe Thereza de Oxalá — carinhosamente conhecida como Mãe Fomo — dedicou quase um século à espiritualidade, à tradição do Candomblé e à formação de filhos e filhas de santo.

Muito jovem, com apenas 8 anos, bolou para o santo no terreiro de Pai Claudiano de Oxaguian, onde foi iniciada aos 12. Após a morte de seu primeiro zelador, já no Rio de Janeiro, seguiu seus cuidados espirituais com Pai Zezinho da Boa Viagem, que celebrou com ela a obrigação de 50 anos de iniciada em 2010.

Nos anos 70, Mãe Fomo chegou a Miguel Couto, em Nova Iguaçu, onde havia poucos barracões e a paisagem era marcada por ruas de barro. Na Rua Aymoré, ergueu com as próprias mãos o que viria a ser um marco religioso: seu terreiro, inicialmente de madeira e telhas de barro, se tornaria o Ilê Àṣẹ Palácio de Oxalá.

Tive o privilégio de ser iniciado por ela, para Oxalá, em junho de 1976. Foram 48 anos de aprendizado, fé e axé sob sua orientação. Acompanhei, com emoção, a reconstrução do barracão na década de 80 e a realização de seu maior sonho:

“Oxalá é um Rei. Por isso lutei para que meu Pai tivesse o melhor — um Palácio”, dizia, com orgulho e firmeza.

Além do legado espiritual, Mãe Fomo foi também mãe de Cosma, Damiana e Roberto, e avó de Cristina — sempre afetuosa com seus netos e bisnetos. Nos últimos anos, contou com o apoio firme e delicado de Ìyá Damiana, filha de Oxum, que com sabedoria e amor tem conduzido o Palácio de Oxalá.

Hoje, o Candomblé perde uma de suas grandes referências, uma Sacerdotisa, que atravessou décadas com dignidade, fidelidade à tradição e amor incondicional ao sagrado.

Muito obrigado Mãe Fomo, por tudo que a Senhora fez por mim.

Força, família do Ilê Àṣẹ Palácio de Oxalá.

E Kolofé, Mãe Fomo!