O axé da atriz Luciana Borghi e a homenagem a Mãe Omidárewà
Luciana Borghi, 47 anos, é carioca, atriz e lembra bem que quando criança tinha visões que lhe apavoravam. Foi uma tia umbandista chamada Maria que identificou sua mediunidade e falou da Entidade Vovó Cambinda, que iria lhe acompanhar pelo resto da vida. Luciana também lembra e fala com entusiasmo sobre uma imagem de Santa Bárbara que ganhou ainda pequena e que mantinha em seu quarto.
Ela estudou no antigo Sacré-Coeur de Marie, em Copacabana, um colégio de origem francesa com princípios religiosos tradicionais, onde teve seu primeiro contato com a arte por meio das aulas de música.
O tempo passou e com pouco mais de 20 anos, quando ela fazia a peça ‘Electra’ em que falava do poder das mulheres foi que conheceu a Yalorixá Gisèle Cossard. Gisèle era francesa, antropóloga e era conhecida pelo seu orúkọ, ‘Omidárewà’ (as águas trazem bondade e bênçãos). Mãe Gisèle era filha de Yemanjá e Yansã e comandou por mais de 40 anos o Ilé Àṣẹ Ìyá Àtàrá Mágbá, em Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias, até sua morte em 2016.
Luciana foi iniciada em 2004 para Yansã por Mãe Gisèle e fala desse momento com muita emoção:
“Mãe Gisèle foi muito especial em minha vida. Costumo dizer que nasci em 2004 pelas mãos da Ìyá Omidárewà e me casei com Yansã!”
Atualmente Luciana está aos cuidados do Babalorixá Balbino de Xangô, também conhecido como Ọbaràyì, dirigente do Ilé Àṣẹ Òpó Aganjù, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador.
Com Orò Ọdún méje (obrigação de sete anos) em dia, Luciana Borghi ou Ìyá Luciana de Yansã, com o aval de Pai Balbino, abrirá em breve seu Terreiro de Candomblé.
“Tenho filhos de santo do Rio e de São Paulo, então pretendo abrir em Penedo, uma região que fica na divisa desses estados e que tem as condições naturais que busco, como rio e muito verde. Aliás, tenho um sonho: uma casa com três portas, próxima a um rio.”
Como atriz, Luciana Borghi se arrefece com os bons ventos de Yansã que sopra bênçãos sobre o seu trabalho, pois está na nova versão de Pantanal, novela das 9h da TV Globo. Luciana interpreta a personagem Maria Eugênia, advogada de Maria Bruaca (Isabel Teixeira). Além disso, ela atuará em dois espetáculos neste final de semana, no Rio de Janeiro. Na sexta, dia 02 de setembro, ela estará na peça ‘Molière’, com Matheus Nachtergaele, no Teatro Prudential, na Glória. E no sábado, 03, estará na Sala Baden Powell em Copacabana, no espetáculo ‘Na Casa do Rio Vermelho’, em que vive a escritora Zélia Gattai.
Sobre o espetáculo “Na Casa do Rio Vermelho”, Luciana nos revela que em um momento da peça, é retratado um ritual de Bọrí (dar comida a cabeça) feito por Mãe Senhora em Zélia Gattai, e que Mãe Aninha que já era falecida na época, aparece em espírito para Zélia. Luciana destaca que esse ato do espetáculo desperta emoção na plateia.
Homenagem a Mãe Gisèle ‘Omidárewà’
Em 2023, Mãe Gisèle completaria 100 anos, por isso essa data será comemorada com um espetáculo em que Luciana Borghi interpretará Mãe Gisèle e se apresentará no Rio, na Bahia e na França. Quem assina o texto e a direção é Renato Santos.
O Babalorixá Bira de Xangô dirigente do Ilé Àṣẹ Ojú Ọba Ògòdò e grande amigo da saudosa Ìyá Omidárewà destacou o legado deixado por ela:
“Omidárewà era maravilhosa! Tinha grande sabedoria sobre Orixá e muito competência em tudo que fazia! Deixou um belo trabalho, com grande contribuição em prol do Candomblé. Eu desejo que a Luciana continue guardando os ensinamentos dados por Omidárewà e que o seu sacerdócio seja repleto de realizações e bênçãos!”
Báwo ti dára wà ti Òrìṣà! (Como é bom ser de Orixá!)
Axé
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