Brasil e Nigéria se conectam por meio de congresso dedicado aos Orixás
- Paulo de Oxalá
- há 1 dia
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Foto: Congresso dos Orixás – divulgação
Coletiva no Consulado do Brasil em Lagos anuncia marco cultural e religioso entre os dois países
Na última segunda-feira, 12 de maio de 2025, o Consulado do Brasil em Lagos, na Nigéria, sediou a coletiva de imprensa que oficializou o lançamento do Congresso Mundial dos Orixás. A iniciativa, idealizada pelo governo nigeriano, propõe a criação de uma sede permanente no Estado de Ọ̀ṣun, voltada ao fortalecimento dos laços espirituais, históricos e culturais entre a África e sua vasta diáspora.
O evento contou com a presença de autoridades brasileiras e nigerianas, entre elas o embaixador do Brasil na Nigéria, Manoel Inocêncio; o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, Wole Soyinka — também responsável pelo projeto do navio-escola Heritage Voyage of Return, e a embaixadora Erieka Bennett, representante da União Africana. A coletiva teve o apoio da Casa Herança de Odùdúwà, instituição cultural com sede no Rio de Janeiro, que atua na valorização e difusão da tradição yorubá no Brasil.
Para Àjọ̀yẹ̀mí Ọ̀ṣunlẹ̀yè, presidente da Casa Herança de Odùdúwà, o congresso representa um novo capítulo nas relações entre os dois países:
“É um reencontro entre irmãos separados pela história, agora unidos por um projeto que coloca os filhos de Orixá no centro das decisões. É uma construção de futuro com base em respeito e pertencimento.”
Wole Soyinka reforçou a importância de ações como essa para a reconexão com as raízes africanas e o fortalecimento das identidades na diáspora:
“Esses movimentos são fundamentais para a cura coletiva, para a educação e para um intercâmbio cultural que repara e transforma.”
O rei de Ifẹ̀, Sua Majestade Adéyeye Ènìtán Bàbátúndé Àkándé Ògúnwùsì (Ojàjà II), patrono do congresso e uma das maiores autoridades espirituais yorubá, celebrou o apoio do governo nigeriano à iniciativa:
“A cultura é a alma de um povo. Sem ela, perdemos nossa identidade”, declarou.
O secretário especial do governo da Nigéria, Ọtúnbá Àjíbọ̀yè, anunciou que visitará o Brasil nas próximas semanas para apresentar o projeto ao público brasileiro:
“As semelhanças culturais entre nossos povos são profundas, especialmente por meio da herança yorubá. O Brasil é parte viva da Nigéria”, afirmou.
Durante a coletiva, foram exibidos vídeos de Babalorixás e Yalorixás brasileiros que saudaram a criação do congresso e celebraram a possibilidade de estreitar os laços com a terra dos Orixás.
Entre os apoiadores da iniciativa está o Babalorixá Paulo de Oxalá, um dos nomes mais respeitados na defesa e divulgação da religiosidade afro-brasileira no país. Com mais de 40 anos de atuação em mídias como rádio, TV, livros e redes sociais, Paulo destacou a importância histórica do momento:
“Essa proposta chega em boa hora. É tempo de construir pontes, e esta iniciativa ergue uma das mais importantes entre Brasil e África — especialmente com a Nigéria, berço de uma parte essencial do Candomblé que praticamos aqui. Parabenizo os organizadores por reconhecerem o papel do Brasil na preservação da cultura africana e por nos reconectarem, com honra, aos nossos irmãos e ancestrais yorubás.”
O Congresso Mundial dos Orixás seguramente torna-se um marco na integração entre povos de matriz africana ao redor do mundo e reforça o compromisso com a liberdade religiosa, o combate ao racismo e a valorização das tradições ancestrais.
Èṣù kọ́ wa pé ìbánisọ̀rọ̀ nikan ni ó lè dá ìbáṣepọ̀ pọ̀.
(Exu nos ensina que só a comunicação pode fazer elo.)
Axé para todos!
Fonte: Carolina Morais, da Casa Herança de Odùdúwà
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