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Não brinque com o amor, porque Exu não julga, mas não protege fingimento

  • Foto do escritor: Paulo de Oxalá
    Paulo de Oxalá
  • há 2 dias
  • 3 min de leitura

Foto: Exu e o sentimento / Arte - reestrutura Pai Paulo


Orixá comanda a sedução, mas nos mostra a responsabilidade das escolhas

 

Sendo o mais humano dos Orixás, Exu transita com maestria pelos territórios da alma e da carne. Ele é o senhor do olhar que atiça, do gesto que promete, da palavra que acende. Exu compreende como ninguém o fogo que arde antes do toque, o arrepio que antecede o beijo, o silêncio que carrega promessas. Ele entende que os nossos instintos são espelhos da nossa verdade, e muitas vezes, das inverdades.

 

Quando falamos de amor disfarçado de sexo, ou de sexo travestido de amor, falamos de Exu. Ele fiscaliza as zonas cinzentas do afeto humano, onde os sentimentos se confundem com vontades, e os corpos mentem com a mesma boca que pedem verdade e justiça.

 

Quantas vezes o desejo bate à porta, fantasiado de amor? Quantas vezes o tesão se instala no peito como se fosse afeto? Exu gargalha. Ele sabe que o coração, às vezes, é cúmplice da carne. E que nem todo abraço quente tem a intenção de ficar. O amor disfarçado de sexo é aquele que finge profundidade, mas mergulha raso. Essa é a face provocadora de Exu, que não expulsa nem reprime, mas revela.

 

E quando é o sexo que se veste de amor? Aí Exu dança. Porque ali não há mentira, há performance. É o toque que se disfarça de carinho, o beijo que promete eternidade enquanto só dura uma noite. Exu ensina que, no jogo da paixão, quem não entende o blefe pode perder o axé, e se perder na vida.

 

Exu, Orixá do desejo, da paixão, do instinto e da escolha, não julga. Ele mostra. Ele gira nos corpos e na mente, confunde o querer com o gostar, o prazer com o sentimento. Ele nos provoca a pensar: é amor que se deseja, ou desejo que se ama? É entrega ou é fuga? É verdade ou é carência?

 

No final, Exu sussurra nos nossos ouvidos:

“Não é sobre certo ou errado. É sobre saber onde se pisa, no meio do fogo.”

 

Exu nos lembra que não se manda no coração, mas é possível ser fiel a ele. Ele nos alerta para a grande verdade humana: amor é sentimento sagrado, é elo, é compromisso. Já o prazer, embora seja energia vital e necessária, é também caminho que exige responsabilidade. Exu ensina que o desejo tem força criadora, e quando canalizado com consciência, é a centelha que fecunda o futuro.

 

Por isso, não se justifica trair, enganar ou usar o corpo apenas como instrumento de gozo. O prazer que despreza o afeto é vazio. O amor que ignora o desejo, adoece.

 

Entre os muitos símbolos de Exu, está o Ọ́gọ́, bastão de madeira adornado com cabaças, que representa o sexo masculino, que é o poder gerador, fecundante, origem da vida. É por isso que Exu rege a libido, os encontros, os caminhos do querer. Mas também nos faz lembrar que cada escolha no campo do amor tem consequência, e que ser livre é também assumir responsabilidade pelo que se acende no outro.

 

Exu nos atravessa com a faísca do desejo, mas também com a centelha da consciência.

Porque amar, desejar e escolher, fazem parte de um mesmo princípio. E Exu é o mestre que comanda todas essas motivações.

É ele quem acende o fogo, mas também quem ensina a não se queimar. É ele quem mostra que liberdade não é ausência de limites, mas presença de escolhas conscientes. Com Exu aprendemos que o verdadeiro poder não está apenas em sentir, mas em saber o que fazer com o que se sente.

 

Ẹni tí ó bá tan ara rẹ̀ jẹ ó sọnù ní ipa ọ̀nà Èṣù. (Aquele que engana a si mesmo, se perde nos caminhos de Exu.)

 

Axé para todos!



 
 
 

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Tags: Babalorixá, Simpatia, Búzios, Tarot e numerologia

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