Maria Bethânia e a rosa dos ventos de Yansã em 60 anos de carreira
- Paulo de Oxalá
- há 11 minutos
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Foto: Maria Bethânia 60 anos de carreira – Leo Martins
Show é recheado de fé e força ancestral
No último sábado, quando Maria Bethânia subiu ao palco do Vivo Rio celebrando seis décadas de carreira, a atmosfera ganhou intensidade com a evocação a Yansã. A força da intérprete, sempre alinhada à energia dos ventos e da transformação, tomou conta do espaço e conduziu o público para uma experiência de canto e espiritualidade.
O espetáculo reuniu canções que fazem parte da sua história e que também refletem a herança cultural e ancestral que atravessa sua voz. Músicas como Ofá, Kirimurê, Balangandã e Iemanjá reafirmaram a fé e a ligação de Bethânia com a força da natureza e com o axé da religiosidade afro-brasileira, que se mistura ao seu modo de interpretar e transformar o palco em ritual.
Entre tantos momentos de emoção, a homenagem a Rita Lee trouxe delicadeza e presença espiritual. A canção Palavras de Rita, composta por Rita Lee e Roberto de Carvalho, foi interpretada como um sopro de continuidade, enchendo o espaço com a energia da artista que partiu, como se ela mesma estivesse ali, dividindo o palco com Bethânia e o público. A sutileza dessa passagem reafirmou que a música guarda presenças e que a arte atravessa o tempo.
O auge se deu com Rosa dos ventos, de Chico Buarque. Sem falar de Orixás em sua letra, a música ganhou corpo na entrega de Bethânia, que parecia tomada por Yansã. O público respondeu de pé, aplaudindo em êxtase, como se tivesse testemunhado algo além de um show, um encontro entre arte, fé e ancestralidade.
Aos 79 anos, Bethânia segue sendo faísca e chama. Sua voz não apenas canta, mas invoca memórias, espalha símbolos e reafirma que sua trajetória é sustentada por algo maior que o tempo, maior que o palco.
Èpà Heiy, é Yansã, é Bethânia, é luz, vento, voz e vida!
Axé para todos!
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