Entenda por que nem todos podem tomar banho de sal grosso
- Paulo de Oxalá
- há 1 dia
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Foto: Sal grosso - Pai Paulo de Oxalá
Saiba os riscos de usar essa prática sem orientação
O banho de sal grosso ganhou fama como um poderoso aliado contra a inveja, o mau-olhado e as energias negativas. Não é raro ouvir alguém dizer que, se está se sentindo pesado, basta tomar um banho de sal grosso que tudo se resolve. Mas o que muita gente esquece é que, para algumas pessoas, essa prática pode trazer mais prejuízos do que benefícios.
Nas religiões de matriz africana, o uso de elementos naturais segue uma lógica sagrada cheia de cuidados, tabus e interdições, conhecidos como quizilas ou ewó, que nem sempre são de conhecimento popular. Um banho de sal grosso não deve ser aplicado de forma generalizada, porque cada pessoa carrega uma energia espiritual única, ligada ao seu Orí, ao seu Orixá e também ao seu Odù, uma energia sagrada comandada por Ọ̀rúnmìlà, que rege caminhos, sorte e desafios em cada um.
Quem tem o Odù Ọwọ́nrín, por exemplo, faz parte de um grupo que costuma ter forte ligação com a água doce, mas carrega restrições severas ao contato com o mar e, por extensão, ao banho de sal grosso, que simbolicamente remete às águas salgadas. Nessas pessoas, o uso do sal pode romper defesas espirituais e trazer ainda mais instabilidade emocional.
O mesmo acontece com filhos de Odù Ìká, que devem usar o sal com muito cuidado, pois sua energia pode rasgar defesas sutis e abrir espaço para doenças espirituais. Entre os Orixás, Oxalá é um dos que exigem mais cautela. Seus filhos e filhas carregam uma energia de pureza, calma e equilíbrio que pode ser abalada por elementos muito agressivos como o sal grosso. O mesmo se aplica a Jàgún, Orixá jovem e guerreiro também ligado a Oxalá. Pessoas ligadas aos gêmeos Ibéjì, Orixás protetores da infância, que representam a leveza e a vitalidade das crianças, também não devem fazer uso de sal sem cuidado.
Outro ponto que muitos desconhecem são as restrições ligadas ao Orí de Àbìkú, espíritos de crianças que, segundo a tradição yorubá, estão presas num ciclo de nascer e morrer precocemente. Pessoas com marca de Àbìkú costumam ter saúde frágil, são sensíveis a rituais fortes e precisam de banhos e cuidados específicos para fixar sua energia na Terra.
É um grande erro acreditar que tudo se resolve com banho de sal grosso. O sal é um elemento carregado de axé, mas também traz uma força de ruptura. Ele limpa, mas também pode cortar o que protege.
Além disso, há restrições mais sutis. Algumas pessoas possuem quizilas com elementos do mar por conta de promessas, iniciações ou mesmo por terem ancestrais que foram pescadores e morreram afogados, crenças vivas que seguem respeitadas em terreiros de Candomblé e Umbanda. Em outros casos, o excesso de banhos de sal pode tornar a pessoa espiritualmente desprotegida, porque retira camadas de defesa criadas por ebós, oferendas ou rezas específicas.
Por isso, antes de tomar um banho de sal grosso, busque orientação de quem entende. Às vezes, o sal precisa ser combinado com uma folha específica ou até mesmo com uma reza para não desequilibrar seu Orí.
Axé para todos!
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