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Desrespeitar uma mulher é afrontar as Ìyámi Òṣòrọ̀ngà

  • Foto do escritor: Paulo de Oxalá
    Paulo de Oxalá
  • há 2 dias
  • 4 min de leitura

Foto: Ìyámi Òṣòrọ̀ngà - IA, inspirada na visão religiosa de Pai Paulo de Oxalá



Conhecedoras de muita magia, elas são a força feminina que rege e transforma tudo

 

 

 As Ìyámi Òṣòrọ̀ngà são as grandes Mães Ancestrais, donas do ventre da criação e do mistério da existência. São elas que regem os ciclos da vida, da fertilidade, do desenvolvimento, da preservação e da morte. Quando falamos das Ìyámi, estamos nos referindo a uma potência espiritual anterior a tudo, um princípio feminino que sustenta e equilibra o universo. Seu nome carrega reverência, segredo e temor, não por serem forças que impõem o medo, mas porque detêm um poder absoluto que não se submete a nada além de sua própria soberania.

 

O nascimento das Ìyámi

 

A história das Ìyámi se confunde com o surgimento do próprio mundo. Quando Olódùmarè criou o universo, foi necessário entregar às forças femininas a capacidade de gerar, alimentar e proteger a vida. Foram elas, as Ìyámi, que receberam o poder do àṣẹ, que permite a continuidade da criação, a fecundidade da terra e o equilíbrio dos ciclos. É por isso que são chamadas de “Donas dos Pássaros”, porque, através desses seres — símbolos de liberdade, visão, comunicação e transição entre mundos —, elas manifestam seu poder, levando encantamentos, bênçãos ou correções para os quatro cantos do universo.

 

Moradia e domínio

 

Elas vivem nos espaços de força da natureza, principalmente nas grandes árvores, como as gameleiras, jaqueiras e figueiras, que são verdadeiros portais do axé ancestral. Sua atuação não é apenas no mundo físico. As Ìyámi dominam o invisível, as vísceras, os fluxos internos, tanto do corpo humano quanto do planeta. Controlam a circulação do sangue, os processos reprodutivos, os ciclos menstruais, as marés, os ventos e até os movimentos ocultos da sorte e do destino. Elas são a força que gera, preserva, cuida, mas que também corrige e encerra ciclos quando necessário.

 

O culto e a voz das Yabás

 

Não se cultuam como os Orixás. Seu culto é reservado, discreto e profundamente respeitoso, realizado por quem detém autorização espiritual e conhecimento suficiente para lidar com tamanha potência. Seus assentamentos jamais ficam dentro dos terreiros, pois sua energia não se submete às regras do espaço litúrgico tradicional. Elas são livres, autônomas e soberanas. Entretanto, as Ìyámi se fazem ouvir e se manifestam através das Yabás: Ọ̀ṣun, Yemọja, Ọ̀yà, Obá, Ẹ̀wà e Nàná, que carregam em si esse poder ancestral.

 

A orientação

 

Quando buscamos orientação espiritual, seja no silêncio do pensamento, no recolhimento das preces ou através de oráculos como o jogo de búzios, é muitas vezes a voz das Ìyámi que se manifesta por meio das Yabás.


Oxum, com sua doçura e profundidade, nos conecta diretamente ao ventre da criação, ao amor-próprio e à prosperidade, ensinando que o amor começa dentro e que o merecimento é um exercício diário.


Yemanjá, senhora dos grandes mares, acolhe, protege, fortalece e orienta, cuidando especialmente dos processos de cura física e emocional, lembrando que tudo na vida tem maré, que tudo é mutante e que saber navegar é fundamental.


Oyá, dona dos ventos e dos espíritos, sopra as mudanças necessárias, abre os caminhos, leva embora o que já não nos serve e traz a coragem para atravessar as tempestades da vida.


Obá, com sua força silenciosa e resistente, ensina que a dor pode ser transformadora, que as perdas podem se tornar caminhos de reinvenção e que a resiliência é, sim, uma forma sagrada de amor-próprio.


Ewá, guardiã da beleza, da ética e da retidão, ilumina os caminhos, traz clareza nas escolhas e nos lembra que viver em alinhamento com a verdade é também uma forma de abrir portas e gerar prosperidade.


Nàná, a Mãe mais antiga, a senhora do barro, da lama que molda a vida e acolhe a morte, mostra que tudo tem seu tempo, seu ritmo e seu retorno.

 

Quando nos deparamos com questões que envolvem amor, saúde, prosperidade e caminhos, são essas senhoras que, muitas vezes, falam por elas. Através do axé das Ìyámi, elas oferecem não apenas respostas, mas ensinamentos, alertas e direcionamentos. Em todo esse contexto, o jogo de búzios é a comunicação com essas potências ancestrais, permitindo ouvir aquilo que, muitas vezes, não conseguimos perceber com os olhos da matéria.

 

Direcionamento e respeito as mulheres

 

As Ìyámi não são apenas forças espirituais distantes; elas estão presentes no cotidiano, na força das mulheres, na proteção dos filhos, no desenvolvimento das famílias e na regência de tudo que envolve vida, fertilidade, crescimento, saúde e também os encerramentos necessários.

 

Honrar as Ìyámi Òṣòrọ̀ngà é compreender que a vida é feita de ciclos, de começo, meio, fim e recomeço. É respeitar o feminino em sua expressão mais ampla, entender que quem não valoriza, não cuida e não respeita o ventre da criação, cedo ou tarde, se depara com os efeitos desse desequilíbrio. Não é à toa que a sabedoria ancestral diz: Ẹni tí ó bá ṣe obìnrin ní burúkú ibi á pa a! — Quem faz mal a uma mulher, o mal o destruirá. Pois desrespeitar o feminino é desrespeitar a própria base que sustenta a existência. Que nunca nos falte a bênção, a proteção e a condução das Grandes Mães Ancestrais.

 

Axé para todos!

 
 
 

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Tags: Babalorixá, Simpatia, Búzios, Tarot e numerologia

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