Babá Emília da Jurema e Átila Nunes falam sobre a Umbanda
Emília Lopes, 81 anos, é conhecida como Babá Emília da Cabocla Jurema e tem 67 anos de Umbanda. Ela é carioca do bairro de Laranjeiras e foi educada em colégio de freiras, seguindo a tradição católica dos pais. Aos 14 anos, no ano de 1955, fez camarinha com o Sr. Wilson, no Camarista (Méier). Ela o chamava de Padrinho Wilson, pois era comum chamar assim o dirigente de Umbanda.
Babá Emília nos contou que, em sua época, o calendário semanal religioso da Umbanda era assim composto:
Segunda-feira: Dia das Almas/Pretos Velhos
Terça-feira: Ogum
Quarta-feira: Xangô e Yansã
Quinta-feira: Oxóssi e os Caboclos
Sexta-feira: dia do Povo de Rua, Compadres e Comadres
Sábado: Yemanjá e Oxum
Domingo: Oxalá
Segundo a Babá, não se vira (incorpora) em Oxalá na Umbanda, como é no Candomblé.
“Ele (Oxalá) é representado pela imagem de Jesus Cristo e fica no ponto mais alto do congá (altar sagrado), por ser o grande pai de todos. Nós rezamos, cantamos pontos, mas ninguém recebe Oxalá.
Já a sexta-feira é dia do Povo de Rua ou Exus e Pombagiras, que nós chamamos também de Compadres e Comadres. Neste dia, essas entidades baixam nos Terreiros para consultas e trabalhos espirituais”.
Babá Emília lembrou de grandes baluartes da Umbanda, como o precursor da Umbanda, o médium Zélio de Moraes do Caboclo das 7 Encruzilhadas e dos veteranos líderes umbandistas, Átila Nunes e J. B. de Carvalho, que mostraram a beleza dos pontos cantados nos Terreiros em seus Programas de Rádio. Ela ainda recordou do sempre e inesquecível curimbeiro Cicica que tinha uma voz inigualável.
O deputado umbandista Átila Nunes, filho do saudoso líder Átila Nunes, também falou sobre a Umbanda e lembrou de grandes lideranças:
“A Umbanda é evolutiva, então observo que atualmente temos a participação de entidades que não víamos como, por exemplo, os ciganos. O costume de se usar a roupa branca na passagem de ano foi influência da Umbanda que se mantém firme. Às sextas-feiras também usamos a cor branca que é uma identidade máxima não só da Umbanda, mas de todos os cultos afros. Houve muito trabalho para chegarmos até aqui. Grandes líderes como Lilian Ribeiro, Tancredo da Silva Pinto, que era de Omoloko, mas trabalhava muito pelo reconhecimento da Umbanda, Paulo Newton de Almeida, Babá Helena do Tatuité, Babá Diva Porto Magalhães, Babá Ruth Cury, Babá Arlete Moita e, claro, meu pai e minha mãe, que lutaram muito pela liberdade de professarmos a nossa fé”.
Como dizia a saudosa Bambina Bucci: “Umbanda unida é Umbanda forte! A luz é eterna para quem tem fé!”
Eu Paulo de Oxalá, demonstrando a minha admiração pela Umbanda, digo que por ser uma religião genuinamente brasileira, a Umbanda é tão forte quanto o nosso povo, que apesar de toda a luta, sempre supera os obstáculos.
Saravá Umbanda!
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