As religiões, o poder da fé e o axé dos Orixás
- Paulo de Oxalá
- 5 de jun.
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Foto: Religiões e fé – coletânea e arte - Pai Paulo de Oxalá
A ciência reconhece que a fé pode ajudar na cura e na superação de desafios
Para quem cultiva a espiritualidade, as religiões oferecem conforto, esperança e sentido à existência. Desde os primórdios da humanidade, é possível perceber que a fé caminha lado a lado com o desenvolvimento dos povos. Em toda a história da Terra e da humanidade, a religião se apresenta como um dos pilares que sustentam a cultura, a ética e a vida em sociedade.
A própria ciência, em diversos momentos, reconhece que a fé tem o poder de curar, fortalecer e auxiliar na superação dos desafios, além de contribuir para o equilíbrio emocional, mental e espiritual.
As religiões exercem um papel fundamental na sociedade, oferecendo muito mais do que doutrinas: oferecem caminhos. Caminhos de pertencimento, de construção de valores, de acolhimento, de resistência e de amor ao próximo. São fontes de orientação moral, de fortalecimento comunitário e de esperança, e especialmente nos momentos em que a vida parece desabar.
Entre as muitas expressões de fé, as religiões de matriz africana ocupam um espaço de imensa importância, resistência e beleza. A Religião dos Orixás, como o Candomblé, a Umbanda e outras tradições afro-brasileiras, vai muito além do culto espiritual; é um modo de vida que honra os ancestrais, reverencia a natureza e celebra os ciclos da existência.
Nela, aprendemos que cada ser humano carrega um Orí (sua própria cabeça, seu próprio destino), e que esse Orí é sagrado. E, como há muitos Orixás, cada um nos influência de maneira singular. Com Ògún, aprendemos a força do trabalho e da tecnologia; com Oxóssi, o respeito pela natureza e pelos ciclos da vida; com Oxum, o amor-próprio, o cuidado e a fertilidade; com Yansã, a coragem para enfrentar as mudanças; e com Oxalá, a busca pela paz, pela serenidade e pela retidão.
A Religião dos Orixás nos ensina que somos parte da natureza, pois somos água, fogo, terra, vento e energia. É uma espiritualidade que cuida do corpo, da mente e da alma, onde o sagrado se manifesta no toque do atabaque, no cheiro das folhas, no balanço da dança, no sabor da comida, na força da palavra e, muitas vezes, no silêncio.
Assim como outras religiões, as tradições afro-brasileiras também cumprem funções sociais fundamentais. Elas fortalecem a noção de família, onde o cuidado, o apoio e o acolhimento são valores construídos na base do respeito, da solidariedade e da coletividade. Cada Terreiro fortalece a identidade de seus membros e, ao receber um nome ligado ao seu Orixá na iniciação, a pessoa se torna parte viva da comunidade, do povo de axé.
A consciência sobre os Orixás também nos torna defensores da natureza, pois cada Orixá se manifesta nos elementos que compõem o mundo: nas águas, nas matas, nas pedreiras, nos ventos e nos caminhos. As religiões de matriz africana são guardiãs da cultura, da música, da culinária, da oralidade e da memória dos povos negros no Brasil.
Portanto, todas as religiões, exercem um papel indispensável na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. E as religiões de matriz africana, em especial, são um patrimônio vivo de resistência, amor, beleza, sabedoria e dignidade.
Exaltar os Orixás é também exaltar a vida, a ancestralidade e o direito de cada ser humano a viver sua fé, sua cultura e sua espiritualidade com orgulho, liberdade e respeito.
Ìyè jẹ́ àṣàyàn ara ìgbọràn sí ẹ̀sìn jẹ́ àṣàyàn ẹ̀mí.
(Viver é escolha do corpo; ter fé é escolha do espírito.)
Axé para todos!
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