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A força do atabaque e do tambor nos ritos sagrados

  • Foto do escritor: Paulo de Oxalá
    Paulo de Oxalá
  • 27 de ago.
  • 3 min de leitura
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Foto: Atabaques e tambor - IA-inspirada na visão religiosa de Pai Paulo de Oxalá



As semelhanças e as diferenças desses instrumentos

 

A percussão foi o primeiro som musical utilizado nos primórdios da humanidade. Passados milênios, continua sendo especial ouvir um atabaque ou um tambor bem tocado. O som desses instrumentos movimenta o corpo e desperta uma euforia envolvente que nos conecta com os ancestrais.

 

O tambor e o atabaque foram incorporados aos ritos religiosos que chegaram até os nossos dias e são tratados como instrumentos sagrados. À primeira vista pode parecer que atabaque e tambor são apenas nomes diferentes para o mesmo instrumento. Ambos pertencem à família da percussão e possuem uma membrana esticada sobre um corpo oco que, ao ser percutida, produz som. Embora compartilhem a mesma essência musical, existem diferenças importantes na forma e no uso cultural e religioso de cada um.

 

O tambor é o nome mais amplo e universal. Aparece em diversos formatos e tamanhos e tem como característica principal uma membrana esticada de couro ou material sintético, fixada sobre uma base que costuma ter formato barrigado, mais largo no meio. Está presente em diferentes culturas ao redor do mundo e pode ser construído em madeira, metal ou até mesmo com materiais reaproveitados. No Brasil, especialmente na Umbanda, é comum o uso de tambores confeccionados a partir de barricas de vinho reaproveitadas. Seu som é marcante e direto, capaz de conduzir ritmos que sustentam os pontos cantados durante os trabalhos espirituais.

 

O atabaque é um tipo específico de tambor. Possui corpo cilíndrico levemente afunilado, tradicionalmente feito em madeira maciça escavada. Sua afinação é realizada com cordas de sisal trançadas e esticadas que mantêm a pele ajustada, embora versões modernas utilizem tarraxas metálicas. No Candomblé, o atabaque é indispensável nos rituais. Antes de ser utilizado, passa por ritos próprios. Sua função vai além da musicalidade, pois se torna um canal de comunicação entre os homens e os Orixás. Cada toque e cada batida têm significados próprios, conduzindo a energia do rito e estabelecendo uma ponte espiritual entre o mundo material e o divino.

 

Nos terreiros de Candomblé são utilizados três atabaques. O Hun-run é o maior e comanda, o Hunpí-runpí tem tamanho médio e responde, e o Hunlé-lé é o menor e sustenta a base rítmica. Eles não apenas acompanham os cânticos, mas também chamam, saúdam e reverenciam os Orixás. Esses instrumentos são tocados pelos Ogans, homens consagrados para a função de tocar para os Orixás. Na Umbanda, embora o atabaque também esteja presente em alguns terreiros, o tambor de barrica é o mais usado por tradição. Ele cumpre igualmente a função de sustentar o ritmo e conduzir a energia espiritual. Nesse caso, os tambores são tocados pelos curimbeiros, que também são os cantadores dos pontos sagrados.

 

Pode-se dizer que todo atabaque é um tambor, mas nem todo tambor é um atabaque. O tambor é um instrumento universal, presente em praticamente todas as culturas do mundo. O atabaque, no entanto, é um tambor específico, com forma própria e profundamente ligado à religiosidade afro-brasileira.

 

Seja no toque cadenciado do tambor da Umbanda ou na força ancestral do atabaque no Candomblé, ambos cumprem a missão de conectar o humano ao sagrado, traduzindo em ritmo e som aquilo que as palavras muitas vezes não conseguem expressar.

 

Láàyè, ohun awo tí ó so wa pọ̀ pẹ̀lú mímọ́. (Viva o som do couro que nos conecta com o sagrado)

 

Axé para todos!

 
 
 

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Tags: Babalorixá, Simpatia, Búzios, Tarot e numerologia

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