A estrela e a voz do curimbeiro Luan Pureza Atabaque
- Paulo de Oxalá

- 8 de out. de 2024
- 4 min de leitura

Foto: Maria Mulambo da Estrada e Luan Pureza - divulgação
Em parceria com a Produtora Orixás, Luan fala sobre seu novo trabalho
Ele tem estrela e uma voz encantadora! Carioca de Realengo, filho de Oxóssi e Oxum, Luan conheceu a Umbanda ainda criança, através de sua mãe, Andreia Pureza. O tempo passou, e aos 14 anos, ele passou a frequentar a Umbanda de fato e se tornou um Curimbeiro (batedor dos tambores sagrados de Umbanda). Atualmente, devido ao seu trabalho, suas redes sociais somam muitos seguidores!
Em uma live, Luan nos falou da sua trajetória:
Pai Paulo: Luan, como você vê o papel da mídia, não só no sentido de quebrar barreiras, mas também como facilitadora para desmistificarmos os preconceitos estabelecidos?
Luan Pureza: Acredito que a mídia tem um papel fundamental. Ela pode ser uma ferramenta poderosa para derrubar as barreiras do preconceito e trazer informação onde antes havia apenas ignorância. A mídia digital, principalmente, possibilita que nós, das religiões de matriz africana, possamos falar diretamente com quem tem interesse, rompendo com estereótipos e preconceitos que, por muito tempo, foram alimentados. Acredito que cada post, cada vídeo, contribui para um mundo mais informado e, consequentemente, mais respeitoso.
Pai Paulo: Na minha época, em se tratando de Candomblé, o disco do Sr. Luiz da Muriçoca, de 1963, era muito ouvido pelo povo de Candomblé. Inclusive, meus Ogans praticavam com esse disco. Já na Umbanda, me lembro do LP Filho de Pemba do Cicica, de 1974, que era muito ouvido pelos umbandistas. Você tem alguém em quem se espelha ou que o influenciou de alguma forma? Que discos de Umbanda ou Candomblé você ouve?
Luan Pureza: Eu cresci ouvindo um disco que me influenciou muito e que, inclusive, guardo com carinho, que é o Ladainha de Capoeira. Além disso, me inspirei em grandes Curimbeiros e Ogans, como Tião Casemiro, José Carlos de Oxóssi, o saudoso Barravento e Genário de Xangô. Em termos de discos, gosto muito de ouvir gravações tradicionais, mas também procuro novas referências, conectando as raízes com o presente.
Pai Paulo: Você tem centenas de seguidores. Você sente que o grupo jovem está mais receptivo à cultura afro?
Luan Pureza: Com certeza! Eu vejo que os jovens estão cada vez mais interessados em entender suas origens e valorizar a cultura afro-brasileira. Eles buscam se reconectar com essas raízes, e as redes sociais facilitam isso de uma forma incrível. A internet proporciona um espaço de trocas e diálogos abertos, o que facilita o interesse e a aceitação.
Pai Paulo: Em algum momento você sentiu pressão em relação à responsabilidade de como passar sua mensagem, neste caso dos Orixás, através da música?
Luan Pureza: Sim, sinto essa responsabilidade todos os dias. Levar a mensagem dos Orixás através da música é algo profundo, pois estamos lidando com o sagrado e com a tradição. Quero ter certeza de que estou sendo fiel às nossas raízes, respeitando os ensinamentos e, ao mesmo tempo, fazendo essa conexão com as novas gerações. É uma missão, sem dúvida.
Pai Paulo: Em parceria com a Produtora Orixás, você promoveu a gravação de um DVD em São Paulo, no dia 22 de setembro, com o tema Ibejada, contando com grandes participações do universo do axé. Como foram essas parcerias e esse lançamento?
Luan Pureza: Foi uma experiência incrível! Eu sempre quis fazer algo dedicado a Ibejada, que representa as crianças e a pureza na nossa tradição. Contar com a presença de grandes nomes do axé nesse DVD foi uma honra. As parcerias fluíram de forma muito natural, todos os envolvidos estavam comprometidos com a ideia de levar essa energia leve e festiva para o público.
Pai Paulo: Na foto de divulgação, você canta para uma Pombagira muito linda. Quem é a Pombagira? E a música?
Luan Pureza: O trabalho teve Beijada como base, mas não poderia faltar uma louvação para essa Pombagira maravilhosa que me guarda, que é Maria Mulambo da Estrada.
Pai Paulo: Qual foi a música que veio como um presente para você, na forma de leveza, ao compô-la e que está no DVD?
Luan Pureza: A música Dança de Ibejada foi um verdadeiro presente. Ela surgiu como uma brincadeira, quase que espontaneamente, e foi ganhando forma de uma maneira muito leve. Acho que a energia das crianças trouxe essa leveza, e o público sentiu isso na hora em que a apresentei.
Pai Paulo: Voltando à religião: o que o sagrado representa na sua vida?
Luan Pureza: O sagrado é o centro da minha vida. É de onde tiro minha força, meu equilíbrio. Cada vez que toco os tambores ou canto para os Orixás, sinto que estou me conectando com algo maior. Isso vai além da minha própria existência e me conecta com a história, com os ancestrais, com a natureza.
Pai Paulo: Agora, olhando para o passado, apesar de você ainda ser muito novo, imaginava que conseguiria traçar essa linda trajetória ou, como adolescente, tinha outros planos?
Luan Pureza: Sinceramente, não imaginava. Sempre tive uma ligação forte com a música e com a espiritualidade, mas achava que seria algo mais pessoal, mais intimista. A ideia de compartilhar isso com tanta gente e fazer isso de forma pública foi uma surpresa para mim. Mas a vida vai nos guiando, né? E hoje estou muito feliz com o caminho que trilhei.
Pai Paulo: Bom, vamos falar de família? Qual é o papel da sua família em termos de apoio? Algum familiar também participou do DVD?
Luan Pureza: Minha família é minha base. Desde minha mãe, que me apresentou à Umbanda, até meus irmãos e minha esposa, todos sempre me apoiaram muito. Minha mãe, inclusive, participou do DVD, cantando em uma das músicas dedicadas a Oxum. Foi um momento muito especial para mim.
Pai Paulo: 2025 está aí batendo na porta. Será que teremos o prazer de assisti-lo em um show ao vivo?
Luan Pureza: Com certeza! Estamos planejando uma turnê em várias cidades, e espero que possamos nos encontrar em breve em algum desses shows. Quero levar essa energia ao vivo para todos que me acompanham! Para conhecer meu trabalho, é só procurar por @LuanPurezaAtabaque em todas as plataformas
Ọlọ́gbọ́n ń bọlá fún ẹni mímọ́ bọ̀wọ̀ fún àwọn àgbagbà! (O sábio honra o sagrado e reverencia seus ancestrais!)
Axé para todos!




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