Paulo de Oxalá
Teatro Ipanema é palco da 1ª edição da Medalha Rosa Egipcíaca
Atualizado: 24 de nov. de 2023
Prêmio exalta artistas, escritores de literatura afro, e povos de terreiro
Nascida no ano de 1719, na Costa de Uidá-Ajudá no antigo Dahomé, atual República do Benim, Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, também chamada de Rosa Courana em alusão a sua etnia, foi uma mulher escravizada e depois livre, autora do mais antigo livro escrito por uma mulher negra no Brasil, intitulado de ‘Sagrada Teologia do Amor’. Essa obra literária ajudou a mudar a história na época, ao abrir as mentes de uma sociedade escravocrata, para uma nova visão sobre os povos escravizados, em especial das mulheres africanas.
Rosa Egipcíaca era uma magnífica mulher, que trazia no sangue a força dos Voduns (divindades do povo do Benim), tanto que tinha o hábito de fumar cachimbo, prática bem peculiar aos sacerdotes de Vodun. Rosa foi inovadora, pois na época organizou um estilo de culto, que reunia preceitos católicos com tradições africanas. Seus dons espirituais, lhe levaram a ter muitos devotos e seguidores, inclusive do clero católico. Muitas pessoas a procuravam para as mais diversas situações, e uma infinidade de milagres foram atribuídos a Rosa, que era chamada por eles de Madre (Mãe) Rosa.
Por causa da grande repercussão desses dons, a corte de Lisboa junto coma Igreja Católica a classificaram como herege e feiticeira e determinaram que ela passasse a viver sob o ‘Cárcere do Santo Ofício da Inquisição’. Rosa Egipcíaca morreu em 1771, ainda sob a ordem da reclusão forçada.
E foi embasado nessa forte história de Rosa Maria Egipcíaca, que o Instituto de Literatura e Arte Ancestral Afro-brasileira Folha de Ouro, (ILAFO), fundado por Alessandra Aquino, que é uma filha de Oxum egbome do Ilê Axé Iyá Topé, anuncia sua primeira cerimônia de premiação, a ser realizada em 26 de novembro de 2023, no tradicional Teatro Ipanema-Rio do Janeiro. O evento, que homenageará escritores e artistas que exaltam e promovem a arte e a literatura de matriz africana, em especial os povos tradicionais de terreiro, com a "Medalha Rosa Egipcíaca de Arte e Literatura de Axé", conta com o apoio da Secretaria de Cultura e da Secretaria de Meio Ambiente e Clima da cidade do Rio de Janeiro, do Movimento Sociocultural Bem-Te-Vi no Axé e da Atitude Negra, tendo como embaixadora da premiação a Vereadora Tainá de Paula, mulher de Axé, que apoia incansavelmente as causas do povo de santo, e como patrono o Professor Leonardo Mattos de Xangô.
Alessandra Aquino comemora a primeira edição e fala da importância da (ILAFO), da Editora da Folha de Ouro e da premiação:
“É um momento muito importante, pois o Instituto de Literatura e Arte Ancestral Afro-brasileira Folha de Ouro (ILAFO) é uma iniciativa que nasceu dentro do Ifá Wade da Praia do Cardo, e é dedicado à celebração e à preservação das tradições literárias e artísticas de matriz africana e promove a diversidade cultural por meio de programas educativos, eventos culturais e projetos comunitários. Já a Editora da Folha de Ouro, é um dos nossos grandes empreendimentos desde 2019, que busca exaltar escritores que falem das nossas tradições, e contem histórias dos povos de terreiro.
A medalha é um tributo inspirado em Rosa Maria Egipcíaca, uma figura emblemática da cultura africana e a primeira mulher negra a escrever um livro na História do Brasil. Por isso, através dessa premiação, nós queremos exaltar e agradecer a importantes personalidades do nosso país, que propagam a cultura africana através da literatura e das artes, e que também lutam contra o preconceito racial, e defendem a liberdade religiosa.”
Olódùmarè níkan dìmọ́ ni ìpinnu obìnrin kan!
(Só Deus segura a decisão de uma mulher!)
Axé!
Serviço:
Evento: Medalha Rosa Egipcíaca de Arte e Literatura de Axé. Domingo, 26 de novembro de 2023, às 14h, no Teatro Ipanema. Rua Prudente de Morais, 824 – Ipanema / Rio de Janeiro.
Apresentação: Jana Guinond
Ato de abertura
Mensagem ilustrativa do carnavalesco da Viradouro Tarcísio Zanon, sobre a figura de Rosa Egipcíaca
Cerimônia de premiação
Encerramento: oração aos Orixás – Celinho de Omolu - apresentação artística Tito Santa Cruz
Lista dos homenageados com a Medalha Rosa Egipcíaca:
Etemi Flávia de Oxum
Fotógrafo Rômulo Corleone
Professor Leonardo Mattos
Professor Ricardo Jaheen
Paula Tanga - prêmio Ubuntu
Professora Gisele Rose
Babalawô Ivanir dos Santos
Mãe Márcia Marçal
Baba Márcio de Jagun
Camila Fogaça
Bàbá Ogundaruncy
Vodúngán Kelly de Oyá
Cantora Nega Wal
Ekede Débora de Ayrá
Professora Elisabete Nascimento
Fotógrafo Yuri Paiva
Marcela Treze - Peça Menina Mojubá
Professora Adriana de Oyá
Douglas Jorge - Awô
Elida - Awô
Viviane - Awô
Rodrigo - Awô
Kleber Luiz Gonzaga - Direitos Humanos de Nova Iguaçu
Cantora Criss Massa
Babi Cruz
Paulo Gomes - Gestor do Teatro Ruth de Souza
Ogan Genário de Xangô
Caio Bayma
Waguinho Macumba
Bruno Mariozz - produtor da peça Mãe de Santo
Violinista Gil Vilela
Israel Ofarere
Alex Primo
Pai Paulo de Oxalá
Fernando Sousa - Quiprocó Filmes
Fabiano Fernandes
Gabriel Barbosa - Quiprocó Filmes
Ignez de Oyá
Celina de Xangô
Marta Supernova
Pai Celinho de Omolu
Leandro Santanna - MuHcab
Dra. Rita Cristina de Oliveira
Professora Viviane Prado
Professora Helena Theodoro
Cantora Rita Beneditto
Reinaldo Junior - Rei Black
Mercedes - Instituto Pretos Novos
Jorge Freire
Claudia Vitalino
Babalorixá Thiago Souza
Bailarino Tito Santa Cruz
Mejitó Cleber de Gbessen
Gabriel Gama - Peça Menina Mojubá
Professora Luciana Nascimento
Professor Fernandez Portugal
Fotógrafa Blinia Messias
Tata Efamim
Katia Bastos
Negrogun - Presidente do Cedinenegro e do Movimento Negro
Doné Claudia de Onira
Doté Adriano de Sogbô
Ariane Magalhães - Axé em Luta
Paula Pardón - Awurê
Gracy Moreira - Casa da Tua Ciata
Demerson D'alvaro - Exu da Grande Rio
Jana Guinond
Coautores do Livro Homens de Axé
Coautoras do Livro Mulheres de Axé
Foto: arte Medalha Rosa Egipcíaca - Ilafo