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  • Foto do escritorPaulo de Oxalá

Samba, ritmo que nasceu com as bênçãos do Candomblé


Tia Surica, André Diniz e Bianca Monteiro comemoram o Dia Nacional do Samba


Neste 2 de dezembro, reverenciamos o Dia Nacional do Samba, um ritmo que transcende fronteiras e tem suas raízes entrelaçadas com a riqueza cultural afro-brasileira.


No berço do samba, a Praça Onze, Rio de Janeiro, o quintal do Terreiro de Candomblé de Tia Ciata da Oxum foi um epicentro de influência. Tias como Josefa propagaram não apenas o ritmo, mas também as palavras dos rituais afro-religiosos nas escolas de samba. Elas batizaram termos como "barracão" e dedicaram quadras, chamadas de terreiros de samba, a santos católicos associados a Orixás, desafiando preconceitos da época.


Tia Surica, uma venerável sambista da Portela, destaca a forte ligação entre samba e Candomblé, ressaltando que o samba contribui significativamente para a divulgação da religião afro-brasileira.

“É uma ligação muito forte, pois o samba tem grande contribuição na divulgação do Candomblé. Temos que celebrar essa data, pois o samba traz alegria para o povo!”


O compositor de samba-enredo André Diniz enfatiza a importância dos toques de Candomblé nas baterias das Escolas de Samba, destacando como ritmos específicos associados a Orixás moldaram o som característico de cada escola.

“Os toques de Candomblé, viabilizaram a criação de sons únicos nas baterias das Escolas, como por exemplo: o Àgẹ̀rẹ̀ (agueré) de Oxóssi deu o tom de caixa da Mocidade de Padre Miguel. E o àlujá de Xangô deu o ritmo acelerado característico da bateria do Salgueiro. Portanto, é impossível desassociar a origem do samba com o som dos Orixás.”


Bianca Monteiro, Rainha de bateria da Portela, discute a contribuição do samba na promoção das religiões de matriz africana. Ela vê o samba como uma forma de combater o preconceito, mas reconhece que tanto o samba quanto as religiões afro-brasileiras enfrentam desafios de intolerância.

Sobre a mesclagem de samba com referências a Orixás, Bianca acredita que, com respeito e conhecimento, é uma expressão válida, pois Orixá é parte da natureza.

Ao celebrar o Dia Nacional do Samba, Bianca destaca a resistência e tradição de um povo que deixou uma herança maravilhosa. Ela ressalta a importância de respeitar a cultura e lutar contra o preconceito.


“O samba é uma forma de se posicionar e lutar contra o preconceito. A gente consegue através da música, através do samba, através da comunidade e da história do Carnaval mudar esse cenário de intolerância.


A gente vem de uma questão cultural que já está enraizada em preconceitos. O fanatismo piorou e as máscaras caíram mais. Fiz o santo há pouco tempo e sofri muito preconceito na internet, inclusive recebi críticas até de pessoas da própria religião. O samba, por mais que seja a maior manifestação cultural do país, também sofre preconceito, infelizmente.


Sobre a ligação do samba com os Orixás, eu acredito que o Orixá é natureza. Se a gente fala de água, por que não falar de Orixá? Com muito respeito e conhecimento, porque sabemos que não é brincadeira, é uma vitória. Tivemos o exemplo da Grande Rio este ano. O Brasil é isso. É a nossa religião, a nossa fé, a mistura. Toda religião é encantadora, basta saber qual é a sua missão e fazer o bem, tanto que o samba é minha vida.


Quando comemoramos o samba, comemoramos a resistência e a tradição de um povo preto, escravizado que deixou essa herança maravilhosa para nós. Cada ano que se passa mostra que vencemos e resistimos, como a Portela, outras escolas e grandes nomes. É preciso respeitar a nossa cultura e lutar contra o preconceito”. Avalia Bianca.


Em síntese, o samba é uma manifestação cultural única, ligado as tradições do Candomblé, resistindo ao tempo e conquistando o reconhecimento mundial, uma herança abençoada pelos ancestrais.


Kíkí orílẹ̀ ọjọ́ sẹ̀lù orin! (Salve o Dia Nacional do Samba!)


Axé!


Foto: Tia Surica, André Diniz, Bianca Monteiro e imagens do samba

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