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  • Foto do escritorPaulo de Oxalá

Sacerdotes repudiam declarações da influenciadora que culpa Terreiros por tragédia


Foto: Michele Dias Abreu culpa Terreiros por tragédias - reprodução


A palavra ‘macumba’ não define as religiões de matriz africana

 

 

Michele Dias Abreu, que se apresenta no Instagram como “cristã, mãe, esposa e empreendedora,” culpou as religiões de matrizes africanas pelas tragédias ambientais que assolam o Rio Grande do Sul.

 

No último domingo, dia 5 de maio, ela usou as redes sociais para publicar um vídeo, culpando as religiões de matrizes africanas pela catástrofe climática no Rio Grande do Sul.

 

Durante a exibição do vídeo, Michele Dias Abreu afirmou:

“O que está acontecendo no Rio Grande do Sul: Deus está descendo com sua ira total. Eu não sei se vocês sabem, mas o estado do Rio Grande do Sul é um dos estados com o maior número de terreiros de macumba, mais do que a Bahia. Eu estava vendo ontem e, em algumas igrejas, alguns profetas já estavam anunciando em janeiro, fevereiro, sobre algo que ia acontecer no Rio Grande do Sul devido à ira de Deus mesmo. Deus é santo, não há um Deus maior do que ele e aí as pessoas estão abusando disso. Vocês podem ter certeza que Deus não divide a sua honra com ninguém e isso vai ter consequências, está tendo consequências”, alertou.

 

O vídeo teve uma repercussão tão negativa que Micheli Dias Abreu teve de colocar  a sua conta privada no Instagram.

 

Muitos internautas reagiram e desaprovaram as declarações de Micheli.

 “É uma mistura de fantasia, desinformação, xenofobia e intolerância religiosa.”

 

Da mesma forma, nós, religiosos, repudiamos as declarações de Micheli.

 

A Ìyálórìṣà Janaina de Ọ̀sányìn idealizadora da Feira dos Oborós diz que desaprova totalmente as alegações da moça.

“Ela está totalmente equivocada, pois nós, das religiões de matriz africana, estamos pedindo aos Orixás que tenham misericórdia dos nossos compatriotas no Rio Grande do Sul. Eu e um grupo de sacerdotes estamos enviando donativos para ajudar. Então, que religiosa é essa moça que fala de um Deus vingativo, e coloca a culpa em pessoas de uma outra religião? Não aceitamos. Isso tem nome e sobrenome: intolerância religiosa”.

 

Marcelo Fritz, coordenador executivo do Icapra (Instituto Cultural de Apoio e Pesquisa às Tradições Afro), diz que no afã de ganhar curtidas nas redes, Micheli foi imprudente.

“Se ela queria ganhar curtidas, ela conseguiu de forma inconsequente e desrespeitosa.  Não podemos nos calar, pois isso contribui para as agressões que acontecem com a nossa religião. Essa atitude requer justiça e reparo do Ministério Público”.

 

O Tata Poko Walter de Nkosi, além de desaprovar as declarações de Micheli, diz que ela precisa estudar.

“Primeiro que é um desrespeito e irresponsabilidade culpar pessoas de uma religião por um desastre climático. Depois, ela precisa estudar e se informar sobre o significado da palavra ‘macumba’. A palavra ‘macumba’ vem do kimbundu ‘mukumbu’ um instrumento musical semelhante ao reco-reco ou ainda ‘dikumba’ que significa cadeado ou fechadura. Então ‘macumba’ não define os rituais de Umbanda e Candomblé”.

 

Pai Yangô, diretor e coordenador do Portal AgenAfro, diz que a moça é desinformada e inabilitada para uma declaração desse tipo.

“É lamentável que uma pessoa que se diz cristã, use as redes para uma declaração tão infeliz. Ela deveria se informar e ver o bonito trabalho social realizado por muitos Terreiros, onde eles servem de base para os cursos profissionalizantes, distribuição de alimentos e outras ações sociais. O que ela fez foi sério. Por isso, exigimos retratação e reparação através da lei pelo dano à nossa imagem religiosa.”

 

Eu, Paulo de Oxalá, corroboro com os meus irmãos em religião. Em vez de fazer um vídeo desqualificando uma religião, por que não fez um vídeo pedindo ajuda e oração, já que se apresenta como religiosa? Em meio a tanta dor dos nossos irmãos gaúchos, esse momento deve ser de respeito, solidariedade e união. Lembrando que Intolerância religiosa é crime, pois a nossa Constituição nos garante a liberdade de credo, conforme o artigo 5º, inciso VI: "É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias".

 

Que possamos ter uma sociedade mais consciente e humana!


Axé e paz para todos!

 

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