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Por que, no culto aos Orixás no Brasil, o Agẹmọ (camaleão) não é enaltecido?

  • Foto do escritor: Paulo de Oxalá
    Paulo de Oxalá
  • 21 de mar.
  • 2 min de leitura

Foto: O agẹmọ (camaleão) e Ọbàtálá – IA com matizes de Pai Paulo de Oxalá



A importância do camaleão no culto a Òṣàlá

 

Na cultura religiosa yorubá, o Agẹmọ (camaleão) é de extrema importância, pois seu culto é ligado a Òṣàlá e Ọ̀rúnmìlà. O camaleão representa transformação, adaptação e sabedoria, estando associado à criação do mundo. No mito yorubá da formação do Ayé (mundo), foi ele, junto com a adìẹ (galinha), que testou a firmeza do solo antes da chegada dos Orixás e da humanidade. Sua habilidade de mudar de cor reflete sua conexão com os mistérios da existência, com a necessidade de adaptação e com a percepção espiritual aguçada.

 

No entanto, no Brasil, diferentemente do ìgbín (caramujo), que é um dos principais símbolos de Ọbàtálá-Òṣàlá, o Agẹmọ não foi inserido no culto a essa divindade. Isso pode ser explicado por diversos fatores, como:

 

A predominância de etnias e ritos

 

O Candomblé brasileiro se estruturou a partir de diferentes etnias africanas, principalmente yorubá, jeje e bantu. O culto específico dos Ijebu, onde o Agẹmọ é venerado como divindade própria, não teve o mesmo espaço e influência no Brasil.

 

A ausência de um culto formal ao Agẹmọ

 

Diferentemente de outros elementos da mitologia yorubá, que foram absorvidos no Candomblé, o Agẹmọ, sendo uma divindade particular do povo Ijebu, não teve sacerdotes ou linhagens devocionais que garantissem sua continuidade no Novo Mundo.

 

A importância do ìgbín

 

O ìgbín, ou caramujo sagrado, é o animal mais diretamente associado a Òṣàlá no Brasil, simbolizando paciência, paz e longevidade. Como os yorubás trouxeram consigo a veneração de Ọbàtálá, mas não necessariamente as mesmas práticas específicas do culto ao Agẹmọ, o camaleão acabou não recebendo o mesmo destaque.

 

As dificuldades culturais e ambientais

 

O camaleão é um animal menos comum no Brasil do que em terras africanas, o que pode ter dificultado sua presença ritualística. Além disso, no imaginário popular brasileiro, o camaleão ficou associado à mudança excessiva e à dissimulação, o que pode ter influenciado a ausência de seu culto.

 

O camaleão e sua relevância simbólica

 

Mesmo que não seja amplamente enaltecido no Brasil, a figura do camaleão continua sendo um poderoso arquétipo de transformação e adaptação. No culto a Ifá, ele se alinha a Ọ̀rúnmìlà como um símbolo da capacidade de ver além do óbvio e se ajustar às circunstâncias. Ele nos ensina que a vida exige flexibilidade e inteligência e que a mudança não é apenas inevitável, mas essencial para a sobrevivência e evolução.

 

Que possamos reconhecer, no Agẹmọ, a força da adaptação e a sabedoria ancestral que ele representa, mesmo que sua presença nos ritos do Candomblé não seja destacada.

 

Láàyè agẹmọ àmì ti ìparadà àti ìmúyẹ. (Viva o camaleão, símbolo de transformação e adaptação).


Axé para todos!

 
 
 

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Tags: Babalorixá, Simpatia, Búzios, Tarot e numerologia

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