Falece em Cachoeira-BA, Gaiaku Regina de Avimaje
- Paulo de Oxalá

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Foto: Gaiaku Regina de Avimaje – rede social
Sacerdotisa era a matriarca Hùnkpámɛ̀ Àyíono Hùntolòji
Cachoeira, no Recôncavo Baiano, ficou mais triste com o falecimento de Gaiaku Regina de Avimaje, a matriarca do tradicional Hùnkpámɛ̀ Àyíono Hùntolòji. Guardiã de uma tradição ancestral, Gaiaku Regina dedicou sua vida à preservação e à força do Candomblé Jeje-Mahi, conduzindo com sabedoria e serenidade o terreiro fundado por sua tia e mãe espiritual, a inesquecível Gaiaku Luiza de Oyá.
O Hùnkpámɛ̀ Àyíono Hùntolòji, também conhecido como Terreiro Humpame Ayono Huntoloji, é um dos pilares da tradição jeje no Brasil. Localizado na Rua Alto da Levada, no bairro do Caquende, em Cachoeira, o espaço foi fundado em 1952 por Gaiaku Luiza Franquelina da Rocha, mulher nascida e criada no seio do candomblé. Filha de Miguel e Cecília, descendentes de africanos escravizados, Gaiaku Luiza foi iniciada no culto jeje-mahi e tornou-se uma das mais respeitadas sacerdotisas da Bahia. Sua vida foi marcada por coragem, devoção e compromisso com os ensinamentos herdados de suas ancestrais, tendo criado o terreiro com o consentimento e a bênção de sua mãe-de-santo, Kpòsúsì Romaninha.
O Humpame Ayono Huntoloji nasceu do sonho e da determinação de uma mulher guiada pelo sagrado. Em 1948, Gaiaku Luiza contou que Oyá lhe pediu uma roça próxima da água e da linha férrea. Depois de uma longa busca, encontrou o terreno onde o axé foi plantado, sob o olhar do Vodun Azansú, patrono da casa. A inauguração aconteceu em 1952, com uma grande festa que marcou o nascimento de um dos mais importantes terreiros da nação jeje-mahi.
Ao longo das décadas, o Humpame consolidou-se como referência espiritual e patrimônio vivo do Recôncavo. Foi tombado pelo Estado da Bahia em 2006 e reconhecido como Patrimônio Imaterial em 2014. Seus rituais para os Voduns preservam saberes e práticas que atravessam gerações, mantendo viva a presença dos voduns e a memória das antigas Gaiakus.
Gaiku Luiza faleceu em 2005 e sua sucessora Gaiaku Regina, deu continuidade ao legado com amor e firmeza. Iniciada para o Vodun Avimaje, conduziu o terreiro com a mesma dignidade e respeito que herdou de sua antecessora. Sob sua orientação, o Humpame continuou a ser um espaço de fé, cultura e resistência, onde a ancestralidade é celebrada como fonte de força e sabedoria.
A partida de Gaiaku Regina de Avimaje deixa um vazio profundo, mas também um legado de luz, disciplina e amor ao axé. Sua trajetória será lembrada como exemplo de dedicação à tradição jeje-mahi e ao fortalecimento das raízes africanas no Brasil.
Que os voduns a recebam em paz e que sua luz continue a guiar o Hùnkpámɛ̀ Àyíono Hùntolòji.




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