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Foto do escritorPaulo de Oxalá

Datas Sagradas: a importância de celebrar os Orixás em seus dias especiais





Foto: Celebrando os Orixás - arte Pai Paulo de Oxalá


 

Festejar as divindades em seus dias próprios, é um ato de fé e reconhecimento profundo

 

Tudo na natureza tem seu tempo certo para se iniciar ou se estabelecer. Assim como as estações começam e terminam em seus momentos precisos, tudo tem seu período de desabrochar, de nascer, de acontecer. Esses ciclos naturais são celebrados, e o mesmo ocorre em nossas vidas. Comemoramos aniversários, datas como o Dia dos Pais, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Avós, Natal, Ano Novo, entre tantas outras ocasiões que homenageiam momentos e pessoas importantes.

 

As religiões, por sua vez, também possuem suas datas festivas e mantêm calendários sagrados de celebração. Essas datas são mais do que práticas de tradições; elas representam momentos de renovação espiritual, de reafirmação de fé, e de agradecimento às divindades que, todos os dias, nos protegem e nos guiam.

 

No Candomblé, cada Orixá, Vòdún ou Nkise, possui um dia específico para ser celebrado. É o reconhecimento de sua presença contínua em nossas vidas, uma homenagem justa a esses seres sagrados que nos auxiliam diariamente. Apesar de serem louvados todos os dias, ter uma data especial para cada divindade é uma forma de reforçar a conexão com o sagrado e de dedicar um momento exclusivo para agradecer, reverenciar e renovar os votos de fé.

 

Na Nação Jeje, o Vòdʊ́ɲ Gbèsèn, por exemplo, é celebrado em janeiro, marcando o início de um ciclo de homenagens. Em 20 de janeiro, a Umbanda festeja São Sebastião, sincretizado com Oxóssi, Orixá da caça e da fartura. O dia 2 de fevereiro se tornou conhecido nacionalmente pela celebração de Yemanjá, mãe das águas, tanto no Candomblé quanto em outras tradições. Ogum, o Orixá da guerra, tem sua festa em abril, no Dia de São Jorge, especialmente na Umbanda. Oxum, a senhora das águas doces, da fertilidade e do amor, é celebrada em maio por diversos terreiros.

 

Essas celebrações seguem ao longo do ano. Em junho, no Candomblé Ketu, Oxóssi é homenageado no dia de Corpus Christi, e a Umbanda louva Exu no dia de Santo Antônio. Além disso, Xangô é celebrado nos dias de São João e São Pedro. O Candomblé Angola festeja o Nkisi Kitembo (Tempo) em agosto, e Omolu-Obaluaiê, Orixá das doenças e da cura, também tem seu dia festejado em agosto no Candomblé Ketu. Nos meses de setembro e outubro, comemoram-se os Ibéjì, com as festividades dedicadas a Erê (energia infantil do Orixá), quando o tradicional caruru é servido. Ainda em setembro, a Umbanda comemora a Beijada, com muitos bolos e distribuição de doces para as crianças.

 

Outubro é reservado para os rituais das Águas de Oxalá, uma cerimônia de purificação e renovação espiritual, e em dezembro, as Yabás, Orixás femininos, são homenageadas, preparando a energia para a passagem de ano.

 

Esses momentos especiais não são apenas dias no calendário; eles representam uma conexão profunda entre o mundo material e o espiritual. Celebrar as divindades em seus dias próprios reforça nossa fé, cria uma oportunidade para refletir sobre os ensinamentos de cada Orixá, e fortalece a união da comunidade. As divindades merecem ser lembradas e reverenciadas de forma única e especial, pois elas, como assim como nós, fazem parte dos ciclos da natureza e da vida.

 

Kò ṣe ṣàájú àkókò je nítorí àkókò gbogbo ń bẹ fún dájú! (Não adianta enganar ou precipitar o tempo, pois tudo tem seu tempo certo!)


Axé para todos!

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