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Foto do escritorPaulo de Oxalá

Alcione, uma trajetória de axé e espiritualidade


A cantora, que celebra 50 anos de carreira, é mais uma prova da força da fé


Nascida em 21 de novembro de 1947, em São Luís, terra do ‘Tambor de Mina’, um culto estabelecido no Maranhão por africanos de etnia Jeje, Alcione Dias Nazareth, tem seu nome de batismo, idealizado por seu pai, que se inspirou na personagem Alcíone, a protagonista do romance espírita ‘Renúncia’, que foi psicografado por Chico Xavier. Esse nome com o axé da terra natal, inspirado na espiritualidade, e aliado a uma voz forte e encantadora, fez de Alcione uma das maiores sambistas do Brasil.


Alcione foi criada na religião católica, mas o destino levou a grande voz que clamou ao povo que não deixe o samba morrer, a se conectar com a religiosidade também por outros caminhos. Após realizar uma cirurgia espiritual para a retirada de um tumor na garganta com o espírito do Dr. Fritz, a cantora passou a realizar reuniões mediúnicas na sua casa.


‘Quem é de axé, diz que é’, por isso Alcione destaca que foi através da Umbanda e do Candomblé que se reconectou com a sua fé.

“A fé é importante em todos os caminhos da vida, porque a fé é a certeza de que Deus não nos esquece nunca. A fé é o que move a minha vida. Tenho muito mais a agradecer a Deus do que a pedir”, afirma Alcione.


Marrom jamais escondeu a sua fé. Sem medo do preconceito, não considera um ato, mas sim parte do seu cotidiano. Assim, aprendemos que existir é também resistir. Na arte, na vida, assim faz Alcione.


“Não é um ato, é uma coisa natural em mim. Sempre tive uma fé plural, como boa parte dos brasileiros. Tive uma criação católica, mas meu pai já frequentava casas de matriz africana no Maranhão. Encontrei muitas respostas na espiritualidade, no Kardecismo, na Umbanda e no Candomblé. Nunca escondi isso de ninguém, pois a minha fé é um dos maiores orgulhos”, revelou Alcione.


Quem comemora e aprecia a firmeza da fé de Alcione, é o Bàbálórìṣà (Babalorixá), Celinho de Ọmọlu.


“Alcione é uma pessoa iluminada e de muita fé. Ela é filha de Ṣàngó (Xangô) e Yánsàn (Yansã). É totalmente despojada, pois apesar de toda essa importância para a cultura de nosso país e ser de fato uma celebridade, quando ela chega no terreiro, coloca os pés no chão e demonstra todo respeito ao sagrado. Muito benevolente, Alcione é muito preocupada com o bem-estar das crianças da comunidade. Digo mais uma vez; Alcione é uma luz, muito amada por todos nós do Ilé Àṣẹ Ọbalúwáiyé Jàgún!”, destaca Pai Pai Celinho de Ọmọlu, Babalorixá-Pai de Santo de Alcione.


Premiadíssima, Alcione segue em turnê com o show "Alcione 50 Anos", que comemora os 50 anos de carreira.


Em 2024, Alcione desfilará como enredo da sua amada escola de samba, a Estação Primeira de Mangueira. De verde e rosa torceremos e cantaremos pela manifestação cultural em pessoa, a nossa amada Marrom, uma cantora de tirar o chapéu.


Lààyè agbára ìgbàgbọ́! (Viva a força da fé!)


Axé!


Colaboração: Eulália Figueiredo e Sandro de Ọdẹ

Fotos: Vinícius Mochizuki e arquivo de Pai Celinho de Ọmọlu


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