A sustentabilidade com as bênçãos dos Orixás na COP30
- Paulo de Oxalá

- há 2 dias
- 3 min de leitura

O axé dos Orixás na COP30 – Arte Pai Paulo de Oxalá
A relação da fé com a natureza
O culto aos Orixás ensina que cada divindade é uma força da natureza em plena manifestação. Ọ̀ṣun habita nas águas doces e leva beleza, fertilidade e vida. Yánsàn sopra o vento da mudança e move o que precisa ser transformado. Ògún é o ferro que abre caminhos e representa o progresso consciente. Ṣàngó é o trovão que desperta a justiça e o equilíbrio. Ọbalúayé é a terra que cura e renova. Oxóssi é o caçador que protege as florestas e os animais, mostrando que a abundância nasce do respeito. E Ossaim é o senhor das folhas, que proporcionam cura e equilíbrio.
Cada elemento natural expressa o divino. As águas, o fogo, o vento, o solo e as folhas não são apenas recursos, são presenças espirituais. Cuidar da natureza é cuidar dos Orixás.
Em tempos em que a preservação ambiental é urgente, os terreiros mostram exemplos de sustentabilidade e respeito ecológico. As folhas são colhidas com reverência e oração. As oferendas seguem os ciclos da natureza e são entregues com cuidado. O desperdício é evitado porque cada elemento tem um propósito sagrado. Essa sabedoria ancestral revela um modelo de harmonia que o mundo moderno precisa aprender a escutar.
É necessário fortalecer o elo entre fé e sustentabilidade. Este equilíbrio com o planeta é muito mais antigo que qualquer conferência. Faz parte da convivência ancestral de compreender o mundo como gbélé (moradia), ou a casa comum que abriga todos os seres.
Desde ontem, o Rio de Janeiro sedia o Fórum de Líderes Locais da COP30, um dos eventos mais importantes do calendário preparatório para a conferência que será realizada em Belém. A cidade se transformou em um centro de debates e trocas de experiências sobre sustentabilidade e clima, reunindo autoridades, cientistas, lideranças políticas e representantes da sociedade civil de várias partes do mundo.
Durante o Fórum, realizado no MAM e no Vivo Rio, mais de trezentas lideranças globais participam das discussões sobre as prioridades climáticas das cidades que serão levadas à COP30. Entre os participantes estão os prefeitos de Londres, Sadiq Khan, e de Paris, Anne Hidalgo.
Paralelamente, o Rio também recebe o Prêmio Earthshot, criado pelo Príncipe William e reconhecido como o “Oscar da sustentabilidade”, com cerimônia marcada para o Museu do Amanhã. Outros encontros, como o X, The Moonshot Factory, que apresenta soluções tecnológicas para os desafios urbanos, e os Diálogos Locais Rio25, que mobilizam a sociedade civil em dezenas de atividades públicas, reforçam o papel da cidade como protagonista da agenda climática mundial.
Essas iniciativas preparam o caminho para a COP30, que transformará Belém em um grande templo de discussões sobre o futuro do planeta. Ali, líderes mundiais, cientistas, povos originários e comunidades tradicionais se unirão para construir estratégias que unam sustentabilidade, justiça social e respeito à vida.
Enquanto a COP30 busca soluções políticas e tecnológicas, a religiosidade afro-brasileira oferece uma lição essencial. A cura do planeta começa pela cura da consciência humana. Não há separação entre o espiritual e o ecológico, entre o homem e a Terra. Somos parte de um mesmo corpo sagrado e, quando ferimos a natureza, ferimos a nós mesmos.
Que a conferência em Belém seja banhada pelas águas de Ọ̀ṣun e fortalecida pela coragem de Yánsàn. Que as decisões ecoem como o trovão de Ṣàngó, com justiça e sabedoria. Que o axé de Ògún inspire ações firmes e sustentáveis. E que o axé verde das matas de Oxóssi continue pulsando na Amazônia, o grande altar natural do planeta.
No fim, fé e sustentabilidade caminham juntas. Com as bênçãos dos Orixás, o futuro pode florescer mais justo e cheio de vida saudável.
Láàyè ayé wa! (Viva o nosso planeta!)
Axé para todos!




Comentários