A importância do Àtàkàn na incorporação

Nos cultos afro-brasileiros, incorporar ou virar é o ato de um Ẹ̀mí (espírito) ou Òrìṣà (divindades ligadas às forças da natureza) dominar espiritualmente o corpo de uma pessoa (Gàba ara).
O termo incorporar vem da Doutrina Espírita e significa a materialização de um espírito no corpo de um médium.
Já o Yípadà (virar com o Orixá) é o ato em que o Òrìṣà domina primeiro o Orí (cabeça), depois o ara (corpo) do Ọmọ (filho), e passa a utilizá-los como se dele fossem.
Além das àwọn orin (as cantigas) e dos toques dos ìlù (atabaques) que motivam o Yípadà, o àwọn aṣọ mímọ́ (as roupas sagradas) também são de suma importância. Elas são vestidas no Òrìṣà no yàrá wọṣọ (vestiário religioso), após a incorporação.
No Candomblé de Caboclo, ritual que surgiu no final do século XVIII no Recôncavo Baiano, que além de Orixás, também cultua espíritos de nativos brasileiros, os sacerdotes incluíram o Àtàkàn ou Aṣọ Bọtini (faixa de pano na cor do Orixá) como peça fundamental na vestimenta desses espíritos. Tantos os Caboclos de pena como os de couro, usam o Àtàkàn no intuito de dar equilíbrio e firmeza a incorporação.
No Caboclo Boiadeiro, por exemplo, quanto mais firme e bem amarrado o laço no peito do filho, mais segura será a incorporação deste Caboclo.
A palavra a Àtàkàn vem do yorùbá: Àtà=cumeeira, que neste caso, faz alusão ao alto da cabeça, ou seja, segurar pela cabeça. Isso porque, a incorporação começa pela cabeça. Kàn=atingir ou realizar uma boa incorporação.
Então, o Àtàkàn é a faixa que proporciona segurança e uma boa incorporação.
Okê, Caboclo!
Xetro, Marrumbaxêtro!
Salve o Caboclo Boiadeiro Navizala!
Axé!