Ògún, o guerreiro que abre caminhos e luta por todos
- Paulo de Oxalá
- há 2 dias
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Foto: Ògún, guardião de todos – IA com arte e matizes de Pai Paulo de Oxalá
Orixá é o senhor do ferro e da tecnologia
Ògún é o Orixá do ferro, da guerra e da tecnologia. Ele carrega a ação, a força e a transformação. Diferente das imagens medievais que o associam a guerreiros com espadas longas e ornamentadas, Ògún é chamado pelos yorubás de Aláda Méjì — “O senhor dos dois facões”.
Facão: o símbolo da força de Ògún
Para Ògún, o facão é mais do que uma arma: é ferramenta, símbolo de resistência, construção e movimento. Serve para abrir caminhos, cortar o mato, proteger o território e, acima de tudo, para trabalhar.
Ògún é o Orixá de quem vive do esforço diário — agricultores, ferreiros, motoristas, operários, soldados e todos os que dependem da própria força para sobreviver com dignidade.
Mais que guerreiro, Ògún é um construtor de possibilidades. Ele luta, sim, mas também planta, forja, desbrava e abre trilhas. Ensina que a verdadeira força está em transformar obstáculos em progresso.
De Ondó a Ìré: sete colinas e um título
Antes da visão mítica de que Ògún desceu do Ọ̀run (céu) com os demais Orixás em Ilé-Ifẹ̀, Ògún já era reconhecido como personagem histórico na cidade de Ondó, onde é reverenciado como senhor da agricultura. Lá, seus facões serviam para cultivar a terra e abrir caminhos na mata fechada.
Mas foi em Ìré, no atual estado de Èkìtì, no sudoeste da Nigéria, que Ògún conquistou seu lugar definitivo na história e na fé. Diz-se que derrotou inimigos escondidos entre as sete colinas que cercavam a cidade. Pela vitória, recebeu o título de Oníré — “Senhor de Ìré”.
Até hoje, os habitantes da região proclamam:
"Ògún Méjèméjè lókè Ìré!" — Ògún está nas sete colinas de Ìré!
Essas colinas sagradas se chamam: Eru, Ilako, Ipole, Adanimole, Aganna, Apo e Maiye. Juntas, formam uma topografia estratégica e considerada sagrada, oferecendo uma das vistas mais impressionantes da Nigéria — tornando Ìré um destino de peregrinação para devotos e estudiosos do mundo todo.
O Orixá que luta por todos
A espada, historicamente, é símbolo da nobreza, do cerimonial, da guerra entre castas. Já o facão é instrumento do povo, da terra, da sobrevivência e da resistência — e, por isso, o verdadeiro símbolo de Ògún.
Ògún é sempre chamado nos momentos que exigem coragem, foco e ação. Não representa a guerra pela guerra, mas a luta justa — o movimento necessário para abrir caminhos e transformar realidades.
Seus dois facões espelham o nosso próprio esforço. Com eles, Ògún nos mostra que a vitória nasce do suor, da fé e da coragem de cortar o que não serve — e seguir em frente.
Kíkí Ògún agbára Òrìṣà tí o jà fún gbogbo! (Salve Ògún, o poderoso Orixá que luta por todos!)
Axé para todos!
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