Yansã disse não, mas Ogum disse sim: saiba como surgiu o Ogum Festival
Foto: Bàbálórìṣà Bruno de Ọya à frente do Ogum Festival - Romulo Corleone
2ª edição terá casamento coletivo
Fundado pelo Bàbálórìṣà Bruno de Ọya, com o objetivo de somar forças aos movimentos religiosos e culturais afrodescendentes, o Ogum Festival tem colaborado também no combate à discriminação e intolerância religiosa.
Pai Bruno nos contou que o Festival nasceu com o propósito de ajudar na luta contra o preconceito religioso. "Eu queria colaborar nessa luta contra a discriminação e a intolerância, e também assegurar a nossa liberdade de culto. Inicialmente, queria dar o nome ao projeto de ‘Festival de Yansã’. Então, fui jogar aos pés de Yánsàn, e fiquei muito triste pois o jogo não ‘aláfiou’, ou seja, foi não. Quando o jogo de búzios aláfia, é o nosso ‘sim’ no entendimento do Candomblé. Como a resposta de Yánsàn foi ‘não’, resolvi jogar aos pés dos outros Orixás. Eles também disseram não. Só que Exu veio em sonho e me disse para jogar aos pés de Ogum e perguntar se ele aceitaria ser o patrono do Festival. Então, ao jogar, Ogum aláfiou e aceitou ser o Orixá do Festival. Assim nasceu, e aconteceu em 2023, a 1ª edição do Ogum Festival."
Buscando sempre aprimorar a apresentação do Festival, Pai Bruno conta com uma equipe que já providenciou e confirmou as atrações desta segunda edição, que será realizada no dia 20 de outubro.
As apresentações do Festival acontecerão na Avenida Monsenhor Félix, em frente ao número 311, no popular Bairro do Irajá, no Rio de Janeiro. Os rituais sagrados terão início no Ilé Àṣẹ Thydewá, localizado na Rua José Machado, 51 – Irajá, a partir das 08:30. Depois, às 09:30, sairá o cortejo do Ilé Àṣẹ Thydewá com atabaques e trio elétrico, entoando cantigas de Exu, Ogum e Xangô nas línguas das nações de Candomblé e também na liturgia da Umbanda.
Durante todo o trajeto, pretendemos chamar a atenção da sociedade e do poder público para a necessidade de mais políticas públicas para os povos tradicionais de terreiros e mais leis que inibam a intolerância religiosa. Haverá também a distribuição de alimentos ritualísticos nas folhas dos Orixás, com o intuito de promover um congraçamento sagrado.
Do Terreiro até a Avenida Monsenhor Félix, o percurso previsto é de 700 metros, até em frente ao número 311 dessa avenida, onde ocorrerá a saudação às Entidades ou Exus guardiões e um casamento coletivo de casais hetero e homoafetivos.
Ao meio-dia, as festividades seguirão animadas ao som da banda Art Negra, Grupo Umbanda O Som do Nosso Tambor, Grupo Orin Oba, e a apresentação do Passinho Carioca. Com horário previsto para término às 18h, o Ogum Festival destaca a fé, a arte, a dança, e ainda conta com maravilhosos expositores de artigos voltados às religiões de matrizes africanas.
Kíkí Ògún agbára Òrìṣà tí o jà fún gbogbo! (Salve Ògún o poderoso Orixá que luta por todos!)
Ògún ìyè! (Ogum é vida!)
Axé!
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