Xangô mostra seu poder de justiça em Ainda Estou Aqui

Foto: cenas do filme Ainda Estou Aqui – divulgação
Espírita Alexandre Silva fala sobre a mensagem do filme
O filme Ainda Estou Aqui, que retrata o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva, é um exemplo de como a justiça divina de Xangô se faz presente no esclarecimento de crimes.
A obra cinematográfica, baseada no livro homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens Paiva, mostra como o poder espiritual cobra o reparo pela vida interrompida abruptamente.
A justiça sagrada segue atuando na reparação de vidas ceifadas de forma cruel e na elucidação de inúmeros assassinatos que permanecem sem respostas.
Como eu disse, Xangô não atua segundo as leis humanas; ele segue as leis de Olódùmarè, que prezam pela harmonia e pela verdade.
O filme Ainda Estou Aqui nos faz compreender que existe um princípio divino que determina que esses espíritos, vítimas de uma violência injusta, se movam em busca de justiça. Isso porque o ẹ̀mi àìṣòótọ́kú ou (espírito que desencarna injustamente) permanece neste plano até que sua missão seja completada.
Alexandre Silva, diretor de relações externas do CERJ – Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro, fala sobre a mensagem do filme:
“Nós, espíritas, entendemos que vivemos sob as leis divinas. Então, todos nós estamos suscetíveis às leis imutáveis de um Criador, que é a inteligência suprema. E dentro dessas leis, existe uma chamada ‘causa e efeito, ação e reação’.
Essa lei nos diz que tudo o que sofremos faz parte de um grande aprendizado e é o retorno daquilo que, em algum momento, plantamos. Obviamente que, para nós, o mal não é obrigatório. Então, ninguém tem que fazer o mal.
Não há uma programação divina para que a gente faça o mal.
Portanto, os algozes, tanto de Rubens Paiva quanto de qualquer situação semelhante, agiram por livre-arbítrio. Ou seja, fizeram uma opção equivocada ao escolher praticar o mal contra o semelhante.
Porém, quem sofre, na nossa visão, está em um estágio de aprendizado, crescimento e evolução.
Portanto, Deus aproveita o mal para construir o bem. Assim, na nossa visão, não há inocentes. Todos que passamos por problemas temos um passado que justifica o sofrimento vivido, aquela aparente injustiça, aquele mal feito contra nós.
Entretanto, o mal não é programado. Evocamos, como exemplo, a figura de Judas, que está no Novo Testamento. Judas não foi programado para trair Jesus, senão Deus, sendo onipotente, onipresente e onisciente, seria conivente com o mal.
O que fez Judas? Usou seu livre-arbítrio para negociar as moedas de prata e trair Jesus. Mas ele poderia não ter feito isso? Sim, poderia. Mas fez.
Da mesma forma, os torturadores, aqueles que agiram com maldade, poderiam não ter feito o mal a Rubens Paiva, mas fizeram por causa de sua má índole e conduta.
Já aquele que sofreu, ganhou. Ganhou em aprendizado, crescimento espiritual e por ter estado na posição de vítima. Esse é o entendimento geral espírita, sem nos aprofundarmos muito em casos como esse e semelhantes.”
E qual a contribuição do filme ao transmitir essa mensagem de justiça?
“Eu assisti ao filme. E, no meu entendimento, ele foca na fortaleza de Eunice, que demonstra uma resignação, mas não uma resignação passiva.
É uma resignação consciente, pois ela se torna uma ativista e cobra dos devidos responsáveis a solução, a reparação.
Também é importante dizer que, embora cresçamos com o sofrimento, ninguém deve querer sofrer. O espírita não é um defensor do sofrimento.
Defendemos que o sofrimento nos faz crescer, mas devemos lutar para sair dele.
Temos que buscar soluções. Por exemplo, quem sofre de uma doença grave deve procurar cura ou tratamento, não apenas se resignar de imediato.
No caso de Rubens Paiva, o filme mostra que seus algozes estavam lá, prontos para exercer a maldade. Já a reação de Eunice não foi de guerra, mas de reconstrução de vida.
Ela se tornou uma ativista e deu a resposta precisa: o caminho não é o da violência, mas o do ativismo, da ajuda, da visão coletiva, e não de uma visão autocrática.
Então, realmente, o filme contribui para que muitas pessoas parem para refletir. Para que repensem esse caso e outros semelhantes que possam ocorrer. E eu acho que a postura dela é a mais louvável.”
Dirigido pelo cineasta Walter Salles e estrelado pela atriz Fernanda Torres, Ainda Estou Aqui recebeu três indicações ao Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres.
A cerimônia do Oscar 2025 acontece neste domingo, 2 de março, a partir das 21h (horário de Brasília) e será transmitida pela TV Globo (sinal aberto), TNT (canal por assinatura) e Max (plataforma de streaming).
Esta é a primeira vez que um filme brasileiro é indicado ao Oscar na categoria de Melhor Filme. Por isso, vale enaltecer essa produção cinematográfica que faz história e refletir sobre a força da justiça divina.
Kawòó, kábíyèsi!
Salve Xangô.
Alexandre Silva também participa do Coneplir-Conselho Estadual de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa, e do Complir-Conselho Municipal de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa.
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