Religiosos comentam sobre os 1.355 casos de intolerância religiosa
Dona da célebre frase: “Não quero ser tolerada, e sim respeitada”, Mãe Beata completaria ontem, 20 de janeiro, 90 anos.
Além de uma sacerdotisa exemplar, Mãe Beata desenvolveu inúmeros trabalhos relacionados à defesa e à preservação do meio ambiente, aos direitos humanos, educação, saúde, combate ao racismo e à intolerância religiosa.
Hoje, 21 de janeiro, o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa alerta a sociedade sobre os números exorbitantes de casos de intolerância religiosa.
Em 2020, o Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP-RJ) registrou 1.355 casos no estado do Rio de Janeiro. Lembrando que intolerância religiosa é crime, como garante a Constituição Federal.
As religiões de matriz africana são as que mais sofrem esses ataques.
Para a Yalorixá Mirian de Oyá, dirigente do Ilé de Oyá, as nossas leis são brandas:
“Infelizmente, esses números de ataques às religiões de matriz africana revelam que as leis são brandas com quem comete esses crimes”.
Mãe Mirian lembrou que em 2008, homens de uma denominação evangélica invadiram e depredaram, o Centro Espírita Cruz de Oxalá, no Catete. Os quatro foram presos e condenados a pagar cestas básicas. Pouco tempo depois, essas mesmas pessoas voltaram a atacar os religiosos de matriz africana na internet. “Se as nossas leis punissem de fato essas pessoas, elas não voltariam a nos atacar”.
Mãe Mirian também lembrou da importância do legado de Mãe Beata:
“Mãe Beata é um ícone que jamais será esquecido. A sua presença faz muita falta, porém para mim, ela permanece firme com sua imagem nos movimentos atuais. A sua luta contra homofobia, discriminação, mulheres negras e intolerância religiosa continua por meio de todos os movimentos que favorecem a nossa religião”.
Concordando também que as leis deveriam punir exemplarmente, Mãe Fátima Damas da Congregação Umbandista do Brasil e Comissão de Combate a Intolerância Religiosa disse:
“As leis existem em nosso país, mas elas não são aplicadas de forma operante”.
Para o Babalorixá Adailton Moreira, filho biológico de Mãe Beata, a luta contra intolerância é grande. “Minha mãe lutou muito, e nós estamos aí continuando essa luta. Acredito em números maiores, pois sabemos que existe a subnotificação, e também no momento dos registros das ocorrências, muitos dos nossos irmãos são desestimulados a não registrarem como intolerância religiosa”.
Bàbá Adailton também nos falou que neste ano de 2021, o Ilê Omiojuarô realizará o Projeto Alájò: Novos Paradigmas para uma Sociedade sem Racismo e Violência, com o apoio do Programa Latino Americano da OPEN SOCIETY FOUNDATIONS (OSF). A iniciativa pretende por meio de lives e oficinas, agir contra a intolerância, o racismo religioso, a violência de gênero, o feminicídio e outras violações dos direitos humanos.
Para denunciar casos de Intolerância religiosa no Rio de Janeiro, procure a Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que é especializada no atendimento de vítimas de racismo, homofobia e intolerância religiosa. Rua do Lavradio 155, Centro/RJ.
Mãe Beata de Yemọja: Rárá fẹ́ jẹ́ jìyà bẹ́ẹ̀ bọ̀wọ̀ fún!
(“Não queremos ser tolerados; e sim, respeitados!”)
Axé!
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