Pai Yangô comemora 61 anos falando de seu trabalho religioso
Foto: Pai Yangô - arquivo pessoal
Portal Agen-Afro luta pelo direito à liberdade religiosa
Marcelo Dias, mais conhecido como Pai Yangô, nasceu em 26 de agosto de 1963, em Botafogo, na maternidade Fernando Magalhães, e foi criado na Barreira do Vasco, em São Cristóvão, embora também tenha morado na Ilha do Governador.
Desde os 7 anos, Marcelo já mostrava inclinações religiosas: desaparecia de casa e sua mãe o encontrava sentado em um Terreiro de Umbanda, batendo palmas para as Entidades. A primeira Entidade a reconhecer sua mediunidade foi o Caboclo Cobra Coral, da Babá Dalva de Yemanjá, no Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Vale lembrar que esse terreiro foi expulso da comunidade devido à imposição do tráfico, liderado por indivíduos que se diziam evangélicos. O fato foi denunciado em 2008 pelos jornais Extra e Expresso, através da jornalista Adriana Diniz, com a chamada: “Intolerância Religiosa já calou Atabaques nas Comunidades”. Essa matéria deu início à luta e a uma série de reportagens dos jornais sobre intolerância religiosa.
Marcelo Dias permaneceu no terreiro da Babá Dalva até os 18 anos, quando o Caboclo Cobra Coral lhe disse que ele tinha uma missão a seguir. Marcelo respondeu ao Caboclo que iria servir ao quartel e, quando saísse, tomaria sua decisão. De fato, após deixar o serviço militar, ele fez camarinha de Umbanda.
Chegada ao Candomblé
Com o passar do tempo, Marcelo conheceu Dona Fiinha de Yansã, com quem renovou seus votos de camarinha e saiu de lá como sacerdote de Umbanda. No entanto, problemas de saúde começaram a surgir, e ele foi orientado a procurar um jogo de búzios, prática oracular de origem africana exclusiva do Candomblé. O Babalorixá consultado foi Pai Jorge de Ògúnjà, de Nilópolis. Quando finalmente conseguiu marcar o jogo, Marcelo estranhou a rapidez com que foi atendido, já que os outros consulentes demoravam. Pai Jorge foi direto: disse que Marcelo era filho de Obaluaiyê e precisava ser iniciado. Em 17 de julho de 2001, ele foi iniciado por Pai Jorge para Obaluaiyê e Oxum, há 23 anos.
Surgimento do Agen-Afro
Marcelo morou durante três anos no terreiro de Pai Jorge de Ògúnjà, que é casado com a Yalorixá Ignêz de Yánsàn. Durante esse período, conheceu muitos sacerdotes e percebeu que o povo de santo não tinha uma agenda unificada de festas. Decidiu, então, criar uma pequena agenda. Nesse mesmo período, conheceu Pai Fernandes de Oxóssi, filho de Pai Caribé, que tinha um programa de rádio. Pai Fernandes lhe concedeu 20 minutos no programa para divulgar a agenda de festas dos terreiros.
O trabalho cresceu, dando origem ao Agen-Afro, que hoje é composto por uma revista impressa, um portal, perfis no Facebook, Instagram, WhatsApp e outras redes sociais. Todas as atividades da Agência são direcionadas à cultura afro-brasileira e às religiões de matriz africana, com o objetivo de esclarecer e colaborar com a preservação desses ritos e costumes.
O Agen-Afro também luta contra o preconceito e a intolerância religiosa. Segundo a Agência, nos últimos cinco anos, muitos terreiros foram obrigados a fechar suas portas devido à intolerância. A cidade do Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense lideram casos dramáticos de intolerância, onde as vítimas foram ameaçadas, obrigadas a se mudarem e a fecharem seus templos religiosos.
Comemorando seus 61 anos de idade, Pai Yangô avalia seu trabalho como satisfatório, mas reconhece que ainda há muito a ser feito. “Estou muito feliz em poder completar 61 anos de idade. Agradeço a Olódùmarè, a Ògún, e a Ọbalúwáiyé por todas as graças alcançadas. Tento ajudar ao máximo que posso a nossa religião; a luta é grande. Temos avanços, mas ainda há muita coisa a fazer.”
Eu, Paulo de Oxalá, exalto o excelente trabalho desenvolvido por Pai Yangô de Ọbalúwáiyé. Incansável em sua polivalência, Pai Yangô se faz presente e cobre, para seu portal, inúmeras festas e eventos. Parabenizo-o pelo aniversário e também celebro o homem de fé em seus Orixás e Entidades. Recentemente, Pai Yangô passou por uma delicada cirurgia de hérnia, da qual saiu vitorioso.
Ayọ̀ ní fún ọkùnrin tí ó yè láti sọ̀rọ̀ ìtàn rẹ! (Feliz é o homem que sobrevive para contar sua história!)
Axé!
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