Os brados e as lágrimas dos Caboclos da Jurema
Eram uma aldeia na grande floresta Jurema em que todos viviam em paz. Os caboclos saiam cedo para caçar, pescar e abastecerem as tabas de suas famílias.
A mulheres juntas com as cunhatãs e os curumins, teciam cestos com cipós e confeccionavam lindos cocares.
Uma tarde, o velho e sábio Pajé (chefe espiritual da aldeia), disse para Andoré (um Caboclo que lhe ajudava em rituais) que tinha uma mensagem de Tupã (Deus na língua tupi, o grande criador do céu da terra e para os Caboclos o senhor do trovão). Então, Andoré foi comunicar ao Cacique (chefe da aldeia), que o Pajé precisava de uma reunião com todos no centro da aldeia. Não é costume, exceto em graves situações a convocação do grande conselheiro religioso da aldeia. O Cacique desta aldeia, era o Caboclo Cobra Coral que imediatamente reuniu todos para ouvir o Pajé.
Depois, de muitos cânticos e invocações com seus maracás, o Pajé se abaixou, colocou o ouvindo em terra e disse: “o perigo se aproxima para nos destruir. Se não contermos o inimigo, muitos morrerão e todas as aldeias da grande Jurema serão extintas”.
Então, toda a aldeia começou um cântico de súplica e proteção a Tupã, e o chefe Cobra Coral mandou seus mensageiros avisarem os Caciques das outras aldeias sobre o perigo que ameaçava a grande floresta. Além de alertar sobre o perigo, Cobra Coral pedia também na mensagem que os Caciques reunissem seus guerreiros para protegerem as aldeias.
Dentre os muitos Caboclos que foram avisados: Caboclo 7 Estrelas da Jurema, Caboclo Pena Branca, Caboclo Urubatão, Caboclo Jari, Caboclo Janari, e Caboclo Rompe Mato.
Os Caboclos então, se posicionaram na imensa floresta à espera do desconhecido.
Dias noites, e um Caboclo que estava na copa de uma árvore, desce às pressas e avisa a todos que viu muita fumaça no início da mata.
Era esse o perigo, o inimigo era o fogo que estava consumindo a grande floresta Jurema.
Vamos todos em um Toré (dança ritualística de Caboclo) rogar chuva a Tupã.
E todos os Caboclos Bradaram e bateram com suas bordunas (clavas de madeira) no chão firmemente. Então, Tupã respondeu e a chuva começou a cair torrencialmente. Os Caboclos entre lágrimas e
brados, agradeceram pela floresta e pelas vidas salvas!
E assim a grande floresta Jurema, estava salva!
Moral da história: A fé, a iniciativa e a boa vontade podem mudar uma história.
Vamos rogar a Tupã!
Okê Caboclo! Salve todos os Caboclos!
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