Lady Gaga, resguardada por Ọwọ́nrín e Yánsàn, gera R$ 600 milhões para o Rio
- Paulo de Oxalá
- 1 de mai.
- 3 min de leitura

Foto: Lady Gaga é show e tem axé – arte Pai Paulo de Oxalá
Esse Odù é pura energia criativa e trouxe as cores ao mundo
Ela é pop, é vanguarda, é show— e tem axé. Lady Gaga, que chegou no Rio para um show gratuito histórico em Copacabana no dia 3 de maio, carrega mais do que hits e figurinos marcantes: a estrela internacional é regida espiritualmente pelo poderoso Odù Ọwọ́nrín, ligado diretamente à força tempestuosa e transformadora de Yánsàn, a senhora dos ventos, dos raios e das decisões instantâneas.
Nascida no dia 28 de março de 1986, Gaga traz em seu caminho o Odù Ọwọ́nrín, representado por onze búzios abertos no jogo de búzios. Esse Odù é pura energia criativa: é ele quem trouxe as cores ao mundo, quem comanda o movimento das mãos e dos pés, e que reverbera em pessoas com carisma, voz de comando e uma sede imensa por inovação. Gaga, com seus clipes teatrais, danças viscerais e discursos sempre firmes, é a própria tradução de Ọwọ́nrín em cena.
Mas não para por aí. Ọwọ́nrín tem conexão direta com Yánsàn, Orixá dos ventos, das transformações e do inesperado. A “Mother Monster”, como é chamada por seus fãs, tem a energia desse Orixá de forma impressionante: ousada, veloz nas decisões e corajosa o bastante para enfrentar o conservadorismo com arte e atitude. Yánsàn é quem enfrenta eguns (espíritos), quem varre o que está estagnado. E Gaga faz isso desde que subiu ao palco pela primeira vez: reinventa padrões e levanta bandeiras.
Claro que nem tudo são flores. O mesmo Odù alerta para quedas, problemas vocais e cardíacos — algo que a artista deve observar com carinho. Ọwọ́nrín também fala de impulsividade e raiva, energias que precisam ser domadas com sabedoria espiritual. E por isso, quem carrega esse Odù deve buscar sempre equilíbrio entre movimento e introspecção.
Economia no flow do axé: Gaga movimenta mais que vento
Se Yánsàn é quem gira os ventos, Lady Gaga está prestes a provocar um verdadeiro furacão na economia carioca. Segundo estimativas da Prefeitura do Rio, o megashow da artista em Copacabana deve injetar cerca de R$ 600 milhões na economia local — um impacto 28% maior do que o já estrondoso efeito do show de Madonna, no mesmo local, em 2024.
A movimentação começou desde o anúncio em fevereiro: passagens aéreas para o Rio subiram 41%, e as buscas por voos dispararam 49% entre os dias 21 de fevereiro e 6 de abril, segundo o Kayak. São Paulo lidera a procura, com aumento de 19% nas buscas e passagens 42% mais caras. Quem não conseguiu passagem, como o fã Diego Libane, vai de carro. “O preço da passagem estava surreal. Vamos de carro mesmo, com o som da Gaga no talo”, conta ele, que vem com amigos.
Hotéis em Copacabana, Ipanema e Leme já estão lotados. A diária de um Airbnb para quatro dias pode passar dos R$ 5 mil. Restaurantes, bares e ambulantes também estão aquecendo os tamborins para receber os mais de 1,6 milhão de pessoas esperadas, sendo 240 mil turistas — dos quais 80% vêm de fora do Brasil.
O tíquete médio dos turistas internacionais gira em torno de R$ 590 por dia, enquanto os brasileiros gastam em média R$ 515. Já os cariocas vão abrir a carteira com R$ 133 diários em comes, bebes e lembranças.
A cidade, que já colhe frutos de usar o entretenimento como política pública — como fez com o show de Madonna —, vê em Gaga mais que um espetáculo: vê oportunidade de renda, visibilidade internacional e autoestima renovada.
Lady Gaga e o sacode de Yánsàn
Lady Gaga, com sua trajetória de enfrentamento e liberdade, representa o movimento. Movimento de corpos, de ideias, de culturas. Como Ọwọ́nrín, ela transforma; como Yánsàn, ela sacode estruturas. Por onde passa, ela não apenas canta — ela muda o ambiente.
E o Rio, neste maio, vai dançar com ela e com o vento que ela traz.
Em yorùbá, dizemos:
“Ìyá mi Yánsàn kò mọ́ sùn, ó n jẹ́ kí ayé yí padà.” (Minha mãe Yánsàn não conhece o descanso, ela faz o mundo se transformar.)
Axé para todos!
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