Gina de Yánsàn: a generosa guerreira nos deixa um legado de fé, empatia e axé
- Paulo de Oxalá
- 11 de mai.
- 2 min de leitura

Gina de Yansã: A Senhora das Tardes Cor de Rosa - Instagram
Choramos juntos por duas vezes
O céu recebe uma filha de Yánsàn. Gina partiu, mas deixa entre nós a força de sua presença, a doçura de sua generosidade e a fé firme que guiou tantas vidas.
Mulher guerreira, Gina era uma daquelas presenças que transformam. Filha de Yánsàn de corpo e alma, ela carregava nos olhos a força do axé, mas no coração, a delicadeza de quem sabia acolher. Era amorosa, firme, empática — e sabia, como poucas pessoas, reconhecer e cuidar da dor alheia.
Lembro como se fosse hoje: em 1997, ela perdeu seu pai, Doté Luís de Jàgún, a quem amava profundamente. Estive ao seu lado naquele momento. Choramos juntos. E não demorou para que o destino me impusesse também uma perda. E ali estava Gina novamente — dessa vez me acolhendo. Chorei ao seu lado. Recebi seu carinho, sua força. Foi ela quem me fez olhar de novo para a religião com fé, com coragem, com esperança. Eu estava com duas crianças pequenas, e foi Gina quem me incentivou a seguir, a criar, a acreditar. Hoje, esses filhos estão crescidos, tenho neto, e me sinto grato. Muito grato.
Gina era essa mulher rara, capaz de nos lembrar que a espiritualidade se faz, antes de tudo, com amor ao próximo. Ela não media esforços para amparar, para ouvir, para orientar. Ao lado de seu amado e também saudoso companheiro, Rui de Ògún, formou um elo de axé que marcou a trajetória da nossa religião. Seu nome é respeitado, seu legado é firme, e sua memória, eterna.
Neste momento tão difícil, quero me solidarizar com suas filhas maravilhosas, Rebeca e Amanda, com seus filhos e filhas de santo, com toda a família que chora essa partida. A saudade é grande. A dor é imensa. Mas maior ainda é a gratidão.
Gratidão por ter convivido com uma mulher de tanta luz. Por ter aprendido com ela. Por tê-la chamado de irmã de fé.
Gina, que Yánsàn te acolha nos braços do vento sagrado. Que Ògún abra teus caminhos no Ọ̀run. Que Olódùmarè te envolva em paz. Essa homenagem, ainda que pequena diante da grandiosidade da sua existência, é apenas uma das muitas flores que o mundo te oferece neste momento. Que ela se junte ao buquê de amor e reverência que todos nós lhe entregamos hoje.
Obrigado, Gina de Yánsàn, por nos permitir contemplar a beleza abençoada da sua existência. Sua luz permanecerá viva em nossos corações.
Kí Olódùmarè gba ọ sí àlàáfíà rè! (Que Olódùmarè a receba em sua paz!)
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