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  • Foto do escritorPaulo de Oxalá

Dois anos após incêndio no Museu Nacional, trono do rei Adandozan pode ser reconstruído


Nesta quarta-feira, 02 de setembro, completaram-se dois anos do incêndio no Museu Nacional na Quinta da Boa Vista no Rio de Janeiro.


Restaram apenas paredes e fachadas do palácio que serviu de residência à família real portuguesa de 1808 a 1821, abrigou a família imperial brasileira de 1822 a 1889 e sediou a primeira Assembleia Constituinte Republicana de 1889 a 1891, antes de ser destinado ao uso de museu, em 1892.


O fogo destruiu 80% do acervo, considerado por arqueólogos e historiadores como um dos mais importantes da América Latina nas áreas de ciências naturais e antropológicas. Dentre as muitas relíquias que foram perdidas estão: a coleção que reunia 12 milhões de insetos, os sarcófagos e múmias da coleção egípcia, documentação indígena e peças ligadas aos Orixás e o trono do rei do antigo Dahomé (atual República do Benim). O trono do rei Adandozan, foi um presente ao príncipe regente D. João VI, em 1811. Tinha 1 metro de altura e 70 cm de largura, e datava da passagem do século XVIII ao XIX. Ele foi incorporado ao acervo do Museu Nacional em 1818 e se tornou uma de suas principais raridades, pois foi uma das primeiras peças que chegaram para o acervo, antes mesmo da criação oficial do Museu. O trono foi uma iniciativa para melhorar as relações diplomáticas entre o então Reino do Dahomé, Reino de Portugal e Brasil.


O Dahomé é a terra do povo jeje, e Adandozan que nasceu em 1718, era filho do rei Agonglo e reinou por 21 anos. Sua madrasta era a rainha Nà Agontimé que fundou aqui no Brasil a Casa das Minas, uma das casas responsáveis pela propagação da cultura jeje em nosso país.

O trono que ficava no Museu Nacional era chamado de zinkpo jandeme (assento com decoração trançada) e era uma réplica fiel do trono do avô de Adandozan, o rei Kpengia, que morreu em 1789.

O diretor do Museu Nacional Alexander kellner lamentou a perda do trono e nos falou de um projeto de restauração.

“O trono de Adandozan tinha um valor cultural importante no intercâmbio cultural do Benim e Brasil. Recebi a proposta de um artista que pode vir a reconstruir o trono para nós”.


Quem também lamentou a perda do trono e falou da possibilidade de reconstrução foi César Augusto Mates Consul do Benim aqui no Rio de Janeiro. Ele sugeriu, a confecção de dois tronos a serem feitos no Benim com as bênçãos de sacerdotes de lá. Um ficaria lá, e outro aqui no Brasil (no Museu nacional).


"Acho que pela importância não só cultural como também religiosa, podem serem feitos dois tronos com as bênçãos de sacerdotes do Benim. Um ficaria lá outro aqui no Brasil selando assim essa importante conjunção sócio religiosa dos dois países."


Seguindo o adágio africano: ewéubú ni wákàtí gbà (a folha só cai na hora certa), ou seja, tudo tem seu tempo certo e nada é por acaso, eu intermediei o contato do Consul César Mates com o diretor do Museu Alexander kellner, para que ambos possam através do diálogo colocar em prática esses maravilhosos projetos onde a cultura e as tradições de ambos os países saem fortalecidas.


Atualmente o Museu Nacional passa por obras de reconstrução, que devem terminar em 2025.


Míkpá zinkpo axɔ̀súxwɛ́ Adandozan! (Salve o trono do rei Adandozan!).


Axé!

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