Como Yánsàn se tornou a dona do àkàràjẹ (acarajé)
Dia Nacional das Baianas de Acarajé é comemorado no Muhcab
Por ter inventado todos os utensílios de ferro, tão necessários para a lavoura, Ògún em terras yorubás, comanda a agricultura.
Senhor de muitos talentos, Ògún forjou e manufaturou com seus instrumentos, o ọ̀bẹ (faca) e a ṣíbí igi (colher de pau) para Ọ̀ṣun. A partir daí Ọ̀ṣun (Oxum) se tornou a senhora da cozinha, que em gratidão a Ògún, criou o wàdò que é um alimento feito de àgbàdò pupa (milho vermelho) triturado e torrado misturado com oyin (mel de abelha). Ògún gostou demais e causou ciúme em Yánsàn, que sendo ligada ao comércio, logo começou a imaginar outra iguaria que agradasse a Ògún e a todos que frequentassem os mercados de Ìré, cidade dominada por Ògún, e os mercados de Irá, cidade dominada por ela, Yánsàn.
Como Yánsàn sabia que Oxum conhecia muitas comidas feitas com o ẹwà erèétírọ̀ó (feijão fradinho), resolveu usar o feijão fradinho de uma forma incomum para a época.
Yánsàn colocou um punhado de feijão de molho, e tirou a casca e os àwọn ojú dúdú (olhos pretos), triturou-os em uma pedra e formou uma pasta, na qual acrescentou cebola ralada e camarão seco. A seguir, Yánsàn fritou as porções no azeite de dendê, que formaram um bolinho, que Yánsàn batizou de: ìṣù àkàrà (pão em bola).
Não só Ògún, como outros os Orixás, e os habitantes de Ìré e Irá gostaram dos bolinhos de Yánsàn, que passou a comerciá-los.
E foi assim que Yánsàn se tornou a dona do àkàrà, e a primeira disponibilizá-lo para venda, que aqui no Brasil, no século XVIII, passou a ser comercializado em tabuleiros junto com outros quitutes, nas vias públicas de Salvador, por mulheres de origem africana, e passou a se chamar àkàràjẹ (acarajé), com o acréscimo do verbo jẹ (comer), ou comer àkàrà=àkàràjẹ.
Todas as iguarias, e em particular o acarajé, caíram no gosto popular. Assim, essas mulheres, independentes dos nomes próprios, passaram a serem chamadas de baianas de acarajé. Elas migraram para todo o país com os seus pratos, que expressam a riqueza da cultura afro-brasileira.
O acarajé foi tombado em 2004 pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como patrimônio nacional e imaterial, e o seu Dia Nacional, é comemorado, anualmente, em 25 de novembro.
E para comemorar o ‘Dia Nacional das Baianas de Acarajé’ a ABAM RJ (Associação nacional das baianas de acarajé, mingau, receptivo e similares do Rio de Janeiro) e o MUHCAB - Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, estão promovendo neste sábado, um evento recheado de atrações, que vai de 11h às 17h.
Lààyè awọn ìwà wa! (Viva as nossas tradições!)
Axé!
Serviço:
Evento: Comemoração do Dia Nacional das Baianas de Acarajé no MUHCAB - Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, pela ABAM. R. Pedro Ernesto, 80 - Gamboa /RJ.
Apoiadores: Zona de Cultura da Prefeitura do Rio / Comité Gestor de Salvaguarda do Ofício das Baianas de Acarajé / IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Programação:
10h: Missa na Igreja de Santa Rita
11:30: Solenidade e fala de autoridades
12:30 Almoço com axé
14h: Dança Afro LoreAnacleto
15H: Mesa Ofício e Salvaguarda
16h: Roda de samba do Aquilah
17h: Encerramento
Foto: Yánsàn, baiana de acarajé e o Brasil – Pai Paulo de Oxalá
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