Como ‘atabaque’, uma palavra de origem árabe, foi parar no Candomblé?
Foto: Pintura em aquarela - Carybé – moldura Pai Paulo de Oxalá
Viva os Ogans, os maestros dos Orixás!
De origem africana, o tambor é um instrumento musical de percussão com um corpo circular feito de madeira, com pele tensionada sobre uma das extremidades, que é batida para produzir som.
No culto aos Orixás, que é de origem yorubá, o tambor é chamado de Ìlù, e o seu tocador é denominado de Onílù.
Nas cerimonias ritualísticas cada Òrìṣà (Orixá) tem seus cânticos e batidas (sons) específicas que são reproduzidas pelo som do Ìlù.
Este som do Ìlù é que se comunica com o Òrìṣà, e o convida para se fazer presente os rituais.
Como aqui no Brasil, o culto aos Orixás foi denominado de ‘Candomblé’ e reuniu várias etnias africanas, o Ìlù (tambor) de origem yorùbá, passou a se chamar ‘Atabaque’, que é uma palavra de origem árabe, que deriva do termo "al-ṭabáq" (الطبق), que significa ‘tambor’ ou ‘prato’.
A palavra Atabaque foi incluída no Candomblé pelo povo fon (chamados de Jeje aqui no Brasil) que tinham grande aproximação com os árabes.
O tambor em fon (jeje) se chama Ɦwɛ́ɖɛ̀, e em kimbundo, a palavra ‘tambor’ é ‘Ngòmà’.
Ainda sob influência do povo fon na organização do Candomblé no Brasil, o conjunto de atabaques dos rituais sagrados passaram a se chamar: Ɦʊ́ɲ (o atabaque grande), Ɦʊ́ɲƥí (o médio) e Ɦʊ́ɲlɛ́ (o menor), que são batidos com varetas de origem ewé denominadas de Aɠáɗávǐ (Aguidavi).
Pela combinação das etnias que organizaram o Candomblé aqui no Brasil, o Atabaque Ɦʊ́ɲ é tocado pelo Ogan alágbè que ficou como o maestro dos outros Ogans que tocam os outros atabaques menores.
São esses Ogans que através dos toques e cânticos que invocam os Orixás, para dançarem em dias de festas nos salões dos Terreiros.
Os Ogans são importantíssimos no grupo sagrados, pois embelezam com suas vozes e ritmos as festas dos Orixás.
Parabéns para você que é Ogan, e toca e canta com amor e carinho para os Orixás!
(Lààyè iṣẹ́, àwọn Ògá àwọn olùkọ̀rin àwọn Òrìṣà!) (Viva os Ogans, os maestros dos Orixás!)
Axé para todos!
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