Casa de Caridade Caboclo Pena Dourada é alvo de intolerância religiosa
Atualizado: 30 de jan.

Foto: Bíblia no chão do Terreiro vandalizado - Pai Thiago de Oxóssi. Registro: Pai Paulo de Oxalá
Terreiro realiza importante trabalho social e sofre ataque criminoso
O Terreiro Casa de Caridade Caboclo Pena Dourada, localizado no bairro do Maracanã, Rio de Janeiro, foi alvo de um ato criminoso de vandalismo, roubo e intolerância religiosa. Dirigida por Mãe Fernanda de Oxum, a Casa se destaca pelo impacto social que promove, realizando importantes atividades voltadas às comunidades carentes.
Em meio à dor e indignação, Mãe Fernanda, que estava a trabalho em São Paulo, concedeu uma declaração por telefone:
“Estou profundamente triste. Nossa missão é levar acolhimento e apoio, através da distribuição de roupas, brinquedos e quentinhas, além dos projetos sociais que desenvolvemos. O que fizeram com nosso templo é um ato de violência contra nossa fé e contra a solidariedade.”
Já o Pai Pequeno do Terreiro, Thiago de Oxóssi, ressaltou que não é a primeira vez que o local é alvo desse tipo de ataque.
“Essa é a segunda invasão em três anos. A primeira ocorreu em dezembro passado, justamente quando nos preparávamos para doar brinquedos e cestas básicas. Agora, novamente enfrentamos essa barbárie. Além do prejuízo material, o maior impacto é a insegurança e o temor que isso causa em nossos filhos de santo.”
A destruição também forçou a suspensão das atividades religiosas e dos projetos sociais, conforme lamenta Mãe Emanuelle de Oxum:
“Nossa casa, que sempre ofereceu amparo e amor, agora está devastada. Precisamos suspender tanto as atividades religiosas quanto os projetos sociais, e isso é desolador para todos que dependem de nosso apoio.”
Felipe Viana, também membro da diretoria, esteve na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) para registrar a ocorrência. A Polícia Civil já realizou diligências no local para apurar os fatos e identificar os autores do crime.
Os criminosos destruíram a estrutura do terreiro, roubaram equipamentos e levaram até mesmo a fiação elétrica, deixando o local sem energia. Um detalhe que chama atenção é que, ao saírem, deixaram bíblias na cozinha e na entrada do terreiro, um ato de extrema incoerência.
A quem interessa esse tipo de ataque? Esse crime reforça a urgência de medidas mais eficazes para combater a intolerância religiosa e garantir que todas as crenças sejam respeitadas.
Líderes religiosos e políticos se manifestam sobre o caso
O deputado Átila Nunes, autor da lei que criou a DECRADI e relator da CPI da Intolerância na Alerj, reafirmou seu compromisso com a defesa da liberdade religiosa e cobrou punição rigorosa para os culpados:
“Casos como esse não podem se repetir. A liberdade religiosa é um direito constitucional, e não vamos tolerar esse tipo de crime. Seguiremos acompanhando as investigações e recebendo denúncias.”
O vereador Átila Nunes, que implementou a DECRADI em 2018, também se pronunciou:
“Nosso gabinete está monitorando de perto essa investigação. A DECRADI registrou a ocorrência, a Polícia Civil realizou diligências e a Coordenadoria de Diversidade Religiosa da Prefeitura também está envolvida. Intolerância religiosa é crime e precisa ser combatida com todo o rigor da lei.”
O Babalorixá Márcio de Jagun destacou como esse episódio revela a persistência da intolerância religiosa no Brasil e criticou o papel de correntes cristãs:
“Esse ataque mostra o drama da intolerância racial e religiosa que ainda se perpetua no Brasil. Além disso, expõe o fracasso da evangelização cristã, que não conseguiu ensinar seus fiéis a praticar a tolerância e o respeito ao próximo.”
A Yalorixá Márcia D’Oxum, dirigente do Egbe Ile Iya Omidaye Ase Obalayo, de São Gonçalo, lamentou o ocorrido e cobrou mais rigor por parte do Estado:
“É revoltante ver nossos templos sendo invadidos e depredados, enquanto o Estado permanece omisso. Essa impunidade é o que incentiva novos ataques. Intolerância religiosa é crime e precisa ser tratada como tal, com punição real para os culpados.”
Diante de mais um ataque à liberdade religiosa, é fundamental que não nos calemos. Nossa Constituição é clara em seu artigo 5º, inciso VI:
"É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias."
É preciso agir! Que a justiça seja feita. Não à intolerância, sim à liberdade de fé!
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Axé para todos!
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