Bruno de Azevedo, um músico entre o futebol e a ancestralidade afro-brasileira
Foto: Bruno de Azevedo – divulgação
Artista lançará em janeiro ‘Moloque’, álbum que celebra suas raízes
A música tem o poder de contar histórias que transcendem o tempo e as fronteiras. O músico e compositor Bruno de Azevedo é um exemplo vivo de como a cultura brasileira, com suas raízes profundas no samba e no futebol, carrega em si a força e a resistência da ancestralidade negra.
Natural de São João de Meriti, cidade da Baixada Fluminense, Bruno cresceu em um ambiente onde o samba e o futebol eram mais do que entretenimento – eram expressões de identidade e luta. Desde cedo, ele foi presenteado com violões e guitarras de brinquedo, gestos que sinalizavam o caminho que trilharia como artista. Apesar de ter sido criado na igreja evangélica, Bruno mergulhou na diversidade cultural brasileira, exaltando as “cantigas de cego”, as cantigas de axé e os cantos das lavadeiras, sons que ecoam as histórias e tradições afro-brasileiras.
Em seu trabalho, Bruno entrelaça música e memória, destacando a importância dos jogadores negros na história do futebol. Pelé, Mané Garrincha, Donizete Pantera e Geraldo “meiocampista” são protagonistas de suas composições, que celebram a genialidade e resiliência desses atletas em um esporte historicamente atravessado por desafios raciais. Em “Carta de Mané 1962”, por exemplo, ele narra o romance de Mané Garrincha e Elza Soares, unindo o samba à paixão nacional pelo futebol.
A relação de Bruno com o samba remonta às influências de mestres como João Nogueira e Aldir Blanc, cujas obras ajudaram a construir a narrativa cultural do Brasil. Mas ele também traz à tona suas raízes familiares: o violão que ganhou aos 13 anos de sua avó baiana, descendente de indígenas, carrega um simbolismo profundo. É como se as cordas do instrumento vibrassem com a história de uma nação plural.
O lançamento de seu primeiro álbum, Moleque, no próximo dia 9 de janeiro, promete ser uma celebração dessas histórias que ele tanto valoriza. Suas composições não apenas contam a trajetória do futebol, mas também reverenciam o legado afro-brasileiro que moldou o samba, o futebol e a cultura popular como um todo.
Bruno de Azevedo é um exemplo de como a arte pode ser uma ferramenta de resistência e celebração. Ele bebe da rica diversidade cultural do Brasil, conectando o samba às raízes africanas e à literatura brasileira, e traduz isso em canções que nos fazem refletir e vibrar. Ao entrelaçar música e ancestralidade, ele nos convida a celebrar não apenas o que somos, mas tudo o que nos trouxe até aqui.
Òrìn ni ìró ayọ̀ Olódùmarè! (A música é o som da alegria de Deus!)
Axé para todos!
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