Andar com fé eu vou... A fé não é de falhar!
Babalorixá lança livro reunindo simpatias, saberes e preces para o público poder fazer o seu mundo melhor
Um dos mais respeitados Babalorixás do país, Pai Paulo de Oxalá assina coluna nos jornais “Expresso” e “Extra” e tem suas secções como das mais lidas nas duas publicações, falando das religiões de matriz africanas, seus ritos e mistérios. Agora resolveu passar para o livro “Dicas de um Pai de Santo – Saberes, mandingas e preces para todas as horas”, que acaba de sair do forno pela Editora Bertrand Brasil, todo o seu conhecimento. Mas de forma diferente.
1. Como surgiu a ideia de colocar em livro suas dicas já tão famosas nos jornais Expresso e Extra?
- São muitos conhecimentos guardados. O livro Dicas de um Pai de Santo reúne outras dicas inéditas. Ele tem uma pegada diferente do que faço no Expresso e no Extra. Nos jornais eu sou mais didático, e no livro mais pop, então eu percebi que eu podia falar do mesmo assunto de outra forma.
2. O brasileiro é muito ligado a simpatias, dicas de bem estar etc. Como foi a escolha dos temas?
- Através dos motivos que levam as pessoas a procurarem um jogo de búzios para orientação. Por exemplo: amor, saúde, trabalho, família e dinheiro. Listei os assuntos e desenvolvi os temas.
3. Existe algum tema que o senhor prefere não tocar com relação à simpatia e dicas, receitas? Que seja mais delicado.
- Não, nenhum. Porque quando uma pessoa procura um Pai de Santo ela vem na esperança de uma ajuda para algum problema. Então, eu procuro corresponder essa confiança e ajuda-la no que for possível.
4. De que forma as pessoas devem agir com relação aos resultados que nem sempre são os desejados. Tipo: fazer uma simpatia não quer dizer que o resultado será exatamente o que a pessoa espera. Tem essa preocupação com a decepção?
- No livro, no capítulo dedicado as magias, eu falo de fé. Então, é muito importante a pessoa ter a consciência do acreditar, mas com a sensatez da realidade. Por exemplo: uma pessoa doente não vai deixar de tomar um remédio porque fez uma magia, simpatia ou ebó (ritual de oferenda ou limpeza espiritual no Candomblé). Pela fé, os procedimentos espirituais vão ajudar numa recuperação com êxito.
5. O senhor é do tipo que, se precisar, faz simpatia? Ou prefere não tentar? Já fez muitas?
- Sempre faço minhas simpatias, magias e ebós.
6. Quais as mais populares, mais pedidas? E as que as pessoas não acreditam que vá dar certo?
- Amor. As pessoas me procuram muito por problemas sentimentais. Em momentos difíceis, as pessoas costumam se desesperar com a dita falta de sorte, sendo que a sorte na verdade é ter caminhos abertos para o sucesso. Então, eu digo que a sorte seja a dúvida.
7. O que é necessário, além da fé, para o que gente quer que dê certo?
- Se preparar. No livro eu digo como se prepara para que se tenha êxito com as magias.
8. Achei interessante no livro o perfil dos Orixás, que nem sempre a gente sabe. Quais são os mais queridos (ou populares) pelo leitor (sem querer diminuir os outros)?
- Todos são amados. Agora, os mais populares são os que tem grandes festas públicas correlacionadas com santos católicos como; Ogum dia de São Jorge, Oxalá no dia do senhor do Bomfim, Ibeji dia de São Cosme e Damião e Yemanjá no réveillon e dois de fevereiro, dia de Nossa Senhora dos Navegantes.
9. Nesta atual situação que estamos passando, o senhor já viu ou vê, através dos búzios, um horizonte promissor com relação ao combate a esta doença?
- Sim, já estamos tendo a misericórdia de Olódùmarè (Deus) e dos Orixás, iluminando os nossos médicos e cientistas que estão na luta dos remédios e vacinas.
10. Antes disso tudo, com a sua sensibilidade como Babalorixá, chegou a sentir que algo ruim estava por vir?
- Eu sempre faço as previsões anuais. E nesse ano eu disse que a regência é de Yansã e Yemanjá. Yansã é o Orixá do ar, vento. Ela rege o ar que respiramos e no corpo humano os pulmões. Pelo aspecto negativo do Odù Ìròsùn (regente de 2020 que é relacionado a Yansã e Yemanjá), eu que disse que a incidência de doenças respiratórias seria grande. Já Yemanjá rege a sensibilidade, a cabeça, então também pelo aspecto negativo desse Odù, temos ainda em curso incidência de doenças de origem neurológicas.
11. Qual o sentimento de prever alguma coisa? Boa ou ruim.
- Fico feliz com os acertos. As ruins eu não propago, como desse ano. Eu, só falei por que foi dito que esse ano de 2020, era de Xangô, o Orixá da justiça. E esse ano prova que de justiça não tem nada.
12. Parece que 2020 vai ser um ano "perdido". Acha com o mundo vivendo isso tudo, haverá uma mudança no ser humano? Isso, como Pai Paulo, o Babalorixá, não o cidadão Paulo.
- Espero, pois a lição divina é de solidariedade e igualdade. Se não aprendermos, a natureza responderá de novo.
13. Esse aprendizado ou não pode interferir no que vem por aí em, 2021? Já tentou saber algo com os Orixás?
- Ainda é cedo para jogar, mas certamente ainda teremos reflexo dos desacertos desse ano.
14. Qual a mensagem de esperança que o senhor pode deixar para as pessoas num momento de tanta dor pelo mundo afora?
- Se apeguem a fé ao sagrado. Orem, rezem façam as suas mentalizações positivas e pratiquem o amor e o bem.
Entrevista para o jornal Expresso, feita pelo repórter Vadho Junyor para a edição de domingo, 26 de julho de 2020.
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