Adeus Milton Gonçalves, grande ícone da cultura afro-brasileira
Certa vez ele se definiu como: “um negro em movimento”. Milton sabia da sua importância na sociedade e deu voz ao povo preto, não só pela sua participação nos movimentos, mas também nas representações simbólicas, sempre marcantes pela notável sobriedade crítica.
Ele abriu caminho para muitos artistas negros e brancos. Sempre simpático, Milton nunca se negou a ouvir os mais novos.
Em 1961, participou da série Vigilante Rodoviário, na extinta TV TUPI, e em 1965 estreou na TV Globo.
Foram mais de 40 novelas, participou de várias minisséries, e foi ganhador de vários prêmios. Atuou em mais de 60 filmes, dentre eles: "Macunaíma" (1969), "Rainha Diaba" (1974), e “Eles Não Usam Black Tie” (1981).
Alda Gonçalves filha de Milton, falou do legado deixado pelo pai:
“É partiu um homem que fez diferença. A diferença no lutar pelo seu povo! O povo preto que ele abriu as portas. Um bom mestre um bom pai! Ele virou uma estrela e nos deixou um lindo legado.”
A atriz Leia Garcia (89) falou emocionada:
“Eu tive o privilégio de conviver com o Milton. Ele sempre foi maravilhoso, inteligente. Foi um dos maiores atores de todos os tempos. Lembro de trabalhos incríveis em que atuamos. O último, foi o filme ‘Filhas do Vento’. Grande perda para o Brasil e para cultura negra. Eu me junto a família neste momento de consternação, mas na certeza da grande luz que ele se tornou”.
A Presidente do Prêmio Ubuntu de Cultura Negra Paula Dias, também conhecida como Paula Tanga, lamentou a morte de Milton:
“Foi uma perda irreparável para o Brasil, e em especial para o povo preto. Sr. Milton, abriu as portas para vários atores como Lázaro Ramos, Ailton Graça, Babu Santana, Taís Araújo, Cacau Protásio e muitos outros. Nós do Prêmio Ubuntu, estamos muito tristes, pois ele junto com grandes ícones como: Antônio Pitanga, Lea Garcia são pilares da cultura preta no país”.
O Babalorixá Adailton Moreira, filho da saudosa Mãe Beata de Yemanjá também comentou a morte do ator:
“É muito triste perdemos nesse momento uma voz dessa envergadura. Momento difícil para cultura e para o povo preto. O que nos consola é o legado deixado por ele que foi brilhante em tudo que fez. Ele é um ícone, que vamos sempre exaltar a personalidade e seguir seus ensinamentos”.
Milton Gonçalves 88 anos morreu nesta segunda-feira (30), em decorrência de complicações de acidente vascular cerebral (AVC) que sofreu em 2020. O velório acontece nesta terça-feira, (31), no Theatro Municipal, no Centro do Rio de Janeiro.
Ọkùnrin ḿbẹ wà láí ní wo ìwà! (O homem é eternizado por suas qualidades!)
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