Os movimentos sagrados dos Orixás no Dia Mundial da Dança
Foto: Orixás dançando reprodução
Nesta segunda-feira, 29 de abril, comemora-se o Dia Mundial da Dança. A dança é uma das mais antigas manifestações corporais do mundo.
No Candomblé, a dança está associada aos mitos dos Orixás. Um dos principais motivos do àjọyọ̀, ou àjọ̀dún Òrìṣà (festa dos Orixás), chamado aqui no Brasil de ṣiré Òrìṣà (xirê dos Orixás, ou fazer festa, brincar para o Orixá), é dançar para os Orixás.
O xirê é o momento em que através do som dos atabaques, dos cânticos e da dança, os Orixás são invocados para incorporarem nos ọmọ Òrìṣà (filhos de santo) e para dançarem desfrutando da festa a eles oferecida.
Tanto os ọmọ-Orixás quanto os próprios Orixás ao dançarem, descrevem através dos gestos, as histórias e a força espiritual de cada divindade, como por exemplo: a dança de Ògún (Ogum), que se retrata às lutas com espadas. Já Yánsàn (Yansã), em uma cantiga especial, dança agitando os braços, fazendo referência à força dos ventos. Em outro momento, ela dança agitando o Ìrùkéré (um pequeno cetro com pelos). Ao agitar este cetro, Yansã demonstra que seu culto está associado à morte e aos ancestrais, por isso ela é considerada a rainha dos Éeguns.
Já Ọ̀ṣun (Oxum), Orixá ligado a água doce, ao amor e a fertilidade, dança de forma cadenciada e suave. Enquanto que Ṣàngó (Xangô), que é associado ao fogo e à justiça, dança de forma imponente e rápida.
Então, a dança no Candomblé simboliza a harmonia do físico com o sagrado.
Em uma entrevista, o pesquisador e escritor francês Pierre Verger, declarou à repórter do Le Monde, Véronique Mortaigne: “O Candomblé é uma religião rara, onde as divindades dançam e convivem com os humanos!”.
A fascinante dança afro de Tojá Reis
Foto: Tojá Reis - arquivo pessoal
Nascido no Bairro de Morro Agudo em Nova Iguaçu, Edmundo dos Reis, 71 anos, mais conhecido como Tojá Reis, é um dos mais experientes bailarinos de dança afro e religiosa do país. Ele estudou no tradicional Colégio Afrânio Peixoto, e aos 14 anos percebeu sua arte para a dança, através do cinema e do teatro.
A maioria dos eventos ligados a religiosidade e a cultura afro-brasileira, tem a participação de Tojá Reis, como no caso do Afoxé filhos de Gandhi Rio de Janeiro e do Afoxé Maxombomba de Nova Iguaçu.
Essas participações já lhe renderam muitas premiações, como trabalhos publicados no livro ‘O Mapa Maravilhoso do Rio de Janeiro’, de Beatriz Jaguaribe, e a Medalha Pedro Ernesto, entregue pelas mãos de Marielle Franco.
Foto: Tojá Reis e Marielle Franco - arquivo pessoal
Tojá se diz feliz por mostrar seu talento e divulgar a cultura afro e religiosa.
“Sou muito feliz por poder mostrar a dança afro em sua essência em shows e apresentações. A dança ligada as divindades podem ser recriadas para atrações culturais como fazemos com o Ìjẹ̀ṣà (Ijexá) nos Afoxés.”
Desde do seu surgimento na face da terra, o ser humano descobriu a arte do movimento do corpo acompanhado dos sons, a qual chamou de dança. A dança ajuda no bem-estar físico, mental e emocional das pessoas, bem como para a expressão individual, e também na convivência social.
No caso da dança para os Orixás, além de sua importância religiosa de nos conectar com o sagrado, ela é também reconhecida como uma forma de arte, e de promoção na preservação das tradições afro no mundo.
Como é bom dançar para os Orixás! (Bíaatí dára jó fún Òrìṣà!)
Axé!
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