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Paulo de Oxalá

Artistas homenageiam Mãe Carmen em saudação a Ọbàtálá


“Òrìṣà (Orixá) do branco puro, da cor branca, que reúne em si todas as cores dos espectros do arco-íris em união, que remete à paz, por que a união induz a paz e harmonia”. Com estas palavras, Mãe Ângela, Ìyá Kékére da Associação de São Jorge Ebé Oxossi Ilé Iyá Omi Àse Ìyamáse, ou Terreiro do Gantois, em Salvador, descreve o Orixá Ọbàtálá, criador do ser humano e de todas as formas de vida. Com iniciativa do Grupo Ọ̀fà, o projeto uniu artistas como Gilberto Gil, Alcione, Gal Costa, Zeca Pagodinho, Nelson Rufino, Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Lazzo Matumbi, Marisa Monte, Jorge Ben Jor, Margareth Menezes, Márcia Short, Ivete Sangalo e Mateus Aleluia para soltarem a voz no álbum “Ọbàtálá: Uma Homenagem à Mãe Carmen”, Ìyálórìṣà do Gantois. Mãe Carmen, Mãe Ângela e Mãe Neli são filha e netas de Mãe Menininha, respectivamente. O disco será lançado no dia 4 de setembro (quarta-feira), às 19h, no Terreiro do Gantois.


Com idealização de Iuri Passos, Yomar Aṣógbà, José Maurício Bittencourt e Luciana Baraúna, filhos do Gantois e integrantes do Grupo Ọ̀fà, o trabalho tem direção geral de Flora Gil, direção musical de Iuri Passos e Yomar Aṣógbà e produção musical de Alê Siqueira e Iuri Passos. O projeto conta ainda com a participação dos Alagbès do Gantois, do Projeto Run Alágbè do Gantois, da Griô Vovó Cici e da própria Mãe Carmen. “Esse trabalho tem uma função importante de registro, uma função didática, uma função pedagógica, de instrução, de valorização e de referência para a Bahia e o Brasil como um todo. O candomblé é um elemento importante da civilização brasileira e este disco será um aspecto importante do candomblé”, avalia Gilberto Gil.


Cada convidado faz referência a um Òrìṣà (Orixá), com participações solo e em dueto, como o cantor Lazzo, que saúda Òṣàgiyán; Márcia Short e Margareth Menezes cantam para Odùdúwà; Gilberto Gil para Ṣàngó; Marisa Monte e Luciana Baraúna para Ọ̀ṣun; Ivete Sangalo, Carlinhos Brown e Yomar Aṣógbà para Òṣàlá e Alcione para Ọ̀ṣọ́ọ̀sí. “O disco traz a mensagem de paz e resistência. Neste sentido, a homenagem a uma Ìyálórìṣà, à nossa Mãe Carmen, nos remete ao universo feminino onde a luta, o saber e o zelo estão juntos para a construção de um mundo comum”, reflete o produtor executivo, José Maurício Bittencourt.


Em 12 dias de gravação e com 37 músicos presentes no estúdio Ilha dos Sapos, no Candeal, o trabalho totaliza 19 faixas, a maioria em yorùbá. Destaque para o momento de abertura das gravações ao som dos atabaques sagrados sob o toque dos jovens do projeto Run Alágbè, regidos por Iuri Passos. O disco conta também com três canções em português compostas especialmente para Mãe Carmen: ‘Ọbàtálá: Homenagem à Mãe Carmen’, faixa-título do disco, de Yomar Passos e Dj MAM, originalmente lançada há 10 anos, que ganhou nova versão na voz de Mateus Aleluia; ‘A Força do Gantois’, de Nelson Rufino, cantada por ele e Zeca Pagodinho, e ‘Carmen’, de Beto Pellegrino e Ariston, interpretada por Gilberto Gil e Gal Costa.


Com o objetivo de preservar a memória da música sacro-afro-brasileira, registrando e entregando este legado cultural para as próximas gerações, a ideia surgiu há 10 anos inspirada no CD Odum Orim (Festa da Música), lançado em 2000 pelo Grupo Ọ̀fà. “O disco chega neste momento também como um ato de resistência”, afirma Iuri. Registro importante de memória e preservação dos cânticos sagrados do candomblé, as mensagens de paz são levadas através dos Oríkís (Orí = cabeça e Kí = louvar/saudar), tocados e cantados em arranjos harmônicos que dialogam com os atabaques sagrados e com elementos presentes no Gantois.


Em tempos de intolerância religiosa, o momento é propício para a concepção deste trabalho, pois, “uma das características que fazem a beleza do Brasil é este acolhimento à diversidade cultural e religiosa. Somos um país, uma sociedade e uma nação que acolhe matrizes de várias procedências do ponto de vista religioso. A matriz africana é uma das mais importantes da formação do modo com que o Brasil manifesta sua vida. Neste sentido, a dimensão da religião afro-brasileira, que também está presente nos ritmos, proporciona a disseminação deste saber para a música popular, para o campo da música brasileira e para sua formação”, afirma Gil.


Além das versões em CD - com encarte ilustrado e traduções das músicas do yorùbá para o português - e em vinil, as faixas estarão disponíveis em todas as plataformas digitais (Spotify, Deezer, Apple Music) e o conteúdo audiovisual (making off e entrevistas) também será veiculado na Web (Instagram, Facebook e Youtube). “Esta nova obra fonográfica tem por finalidade contribuir para uma viçosa documentação desse cenário baiano da música, provocando aprendizado e encantamento através do valor histórico e popular da tradição afrodescendente do culto aos Orixás”, explica José Maurício.


Carmen Oliveira da Silva


Descendente direta das africanas fundadoras do primeiro Candomblé de origem yorubá, seguindo a tradição matriarcal, é filha mais nova de Mãe Menininha. Atual Ìyálórìṣà do Gantois, Mãe Carmen de Òṣàgiyán foi iniciada aos 7 anos de idade, nasceu e cresceu dentro da Casa do Candomblé, e viveu grande parte de sua vida como Ìyáláṣè do Gantois.

Desde o ano de 2002, por determinação dos Orixás, assumiu o cargo de Ìyálórìṣà do Terreiro do Gantois, seguindo os costumes e tradições de sua família, dando continuidade a essa linhagem de sabedoria, de religiosidade e de preservação das matrizes africanas no Brasil. Funcionária aposentada do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, seguiu por alguns anos em sua carreira de contadora, mas o seu destino já havia sido traçado pelos Orixás. Ao longo dessa trajetória, tem desempenhado um papel fundamental na preservação das tradições de sua família.


Terreiro do Gantois


Associação de São Jorge Ebé Oxossi Ilé Iyá Omi Àse Ìyamáse ou, como é popularmente conhecido, Terreiro do Gantois, é uma das mais referenciadas e tradicionais casas de Candomblé do Brasil. Localizado no Alto do Gantois, Bairro da Federação, foi fundado em 1849 pela africana Maria Júlia da Conceição Nazareth e guarda as raízes, valores, saberes e axé da cultura e religiosidade dos afrodescendentes no Brasil. Constitui-se num espaço sagrado de longa expressão religiosa e notável santuário que mantém os costumes e os legados milenares dos povos yorubás (Abẹ́òkúta).


É um templo que segue as regras tradicionais com base na estrutura familiar de manutenção dos laços parentais, onde as dirigentes são sempre do sexo feminino obedecendo aos critérios de hereditariedade e consanguinidade, com uma linhagem de poderosas sacerdotisas. Tradicional e centenário, é oriundo do Ilé Àṣẹ Aira Intilẹ (Candomblé da Barroquinha).


Ficha técnica:

Direção Geral: Flora Gil

Direção Artística e Musical: Iuri Passos e Yomar Aṣógbà

Produção Musical: Alê Siqueira e Iuri Passos

Arranjos: Iuri Passos, Beto Pellegrino e Alê Siqueira, com a colaboração de todos os músicos participantes

Assistente de Produção Musical: Edivaldo Bolagi

Produção Executiva: José Maurício Bittencourt e Eveline Alves

Assessoria Financeira: Fafá Giordano e Christiane Gusmão

Assessoria de Comunicação: Elaine Hazin

Comunicação Digital: Michelle Oliveira

Apoio Imprensa/ Rio de Janeiro: Mattoso Vinicius Produções Artísticas

Assistentes de Produção: Keka Almeida e Luciana Baraúna

Projeto Gráfico, Fotografias e Registro Audiovisual: André Sant'ana

Fotografia (Contracapa): Robério Braga

Tradução Yorùbá | Português: Félix Ayoh ’Omidire, exceto faixas 7 e 9 traduzidas por Robson Paranan

Deckdisc e Altafonte

Serviço:

Lançamento do álbum: “Obatalá: Uma Homenagem à Mãe Carmen”, quarta-feira, 04 de setembro, às 19h, no Terreiro do Gantois, Rua Mãe Menininha do Gantois, 23, Alto do Gantois - Federação, Salvador/BA.


Aláìṣègbè ìjọ́sìn! (Merecidíssima Homenagem!)


Axé!







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