A História do Meu Caboclo Boiadeiro Navizala
Nossa história se passa em 1890, numa fazenda que ficava na divisa de Piauí e Maranhão, de propriedade de um senhor português muito católico que abrigava africanos e índios. A fazenda tinha nome de Senhor do Amor, uma referência a Deus. Como grande parte desses africanos eram de origem bantu, eles chamavam a fazenda de Navizala (que vem de Nzuá, abreviatura de Ngna=senhor, e Uzola= ama, amar).
Naquele ano de 1890, uma índia chamada Jarina engravidou do africano Mabanga e teve um menino que batizaram com o nome português: José dos Anjos. “Anjos” era em homenagem ao dono da fazenda, que se chamava Sebastião dos Anjos. O menino cresceu e aprendeu tudo em relação ao gado da fazenda. Ainda adolescente, ele já sabia tanger o gado da caatinga para o pasto.
Tornou-se um rapaz bonito, pois herdou os cabelos longos de índio como o de sua mãe e tez escura de seu pai. Verdadeiro caboclo.
Anos se passaram e Zé dos Anjos, como era chamado, foi reconhecido pelo Senhor Sebastião dos Anjos como o Boiadeiro mestre da fazenda Navizala.
Sua fama de bom Boiadeiro correu todo o sertão e ele passou a ser chamado de Boiadeiro Navizala. Ele era chamado para todas as festas da região. As moças suspiravam por ele, e os homens desejavam seu lugar de Boiadeiro mestre. Além de toda essa experiência com o gado, ele encantava a todos, pois tocava viola, cantava e dançava como ninguém.
Tinha um grande amigo, um touro chamado Mimoso que era alvo de muita atenção pelo seu porte e valor.
Um dia em um estouro da boiada, Navizala caiu do seu cavalo e por ironia do destino, Mimoso assustado, matou seu grande amigo.
A boiada toda passou, Mimoso voltou e quando viu seu mestre no chão passou a mugir, como um choro de dor.
Mimoso não aguentou a falta do seu dono e morreu. Enterraram o touro ao lado do túmulo de Navizala.
O tempo passou e Navizala e Mimoso foram retratados em imagem, e juntos estão.
Essa história me foi contada pelo Seu Boiadeiro Navizala incorporado em um dos seus muitos filhos, assim como eu.
Xêtro, Marrumbaxêtro! Salve o Caboclo Boiadeiro Navizala!
Axé!