Rosa Magalhães exalta a autenticidade de Clara Nunes
O sabiá é um pássaro muito citado por poetas e músicos, pelo seu canto encantador. E Clara Nunes era uma sabiá que encantava a todos com sua linda voz.
Seu sucesso não se deu por acaso. Guerreira, filha de Ogum e Yansã, ela chegou ao estrelato, superando os desafios e vencendo inúmeros obstáculos.
É essa Clara Nunes que a Portela vai trazer para a avenida, a mulher que externava liberdade através da música.
Bem amável, a carnavalesca-mestre Rosa Magalhães irradiou felicidade ao me contar sobre o ser humano livre e espontâneo que foi Clara Nunes.
“Clara foi um grande exemplo de liberdade como mulher. Em uma época em que as mulheres alisavam seus cabelos, ela já se permitia usá-los crespos, bem naturais. Ela assumia sua religiosidade de forma encantadora, pois tanto falava dos Orixás, quanto dos santos católicos com amor. E é assim que eu vejo: religião é amor e amor não se impõe. Numa época de intolerância religiosa, é importante falar da mulher forte, guerreira, mas que falava de religião com amor, e é essa a grande mensagem para todas as crenças”.
No enredo deste ano: ‘Na Madureira Moderníssima, Hei Sempre de Ouvir Cantar uma Sabiá’, desenvolvido por Rosa, a Portela, escola de coração de Clara Nunes, fará uma homenagem à cantora, ressaltando sua diversidade musical que abrange: sambas-canção, sambas-enredo, partidos-altos, marchas-rancho, forrós, xotes, afoxés, repentes e canções de influência dos pontos de Umbanda e cantigas de Candomblé. Tudo isso é sobre Clara Nunes, mas sempre exaltando a importância cultural de Madureira, das festas, terreiros e do contagiante carnaval popular, enfatizando a contribuição do bairro para a formação da identidade que caracterizou Clara Nunes: a brasilidade.
Lààyè ìyẹ̀, ìgbàbọ́ náà, àti òmìnira! (Viva a vida, a fé, e a liberdade!)
Axé!