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Paulo de Oxalá

Momento único com Mãe Stella de Oxóssi


Era janeiro de 2015, quando eu li na coluna de Ancelmo Gois, que Frei Beto (autor de 60 livros editados) tinha sugerido que para uma eventual vaga à ABL fosse lembrado o nome de Mãe Stella de Oxóssi (autora de oito livros), muito amada e reverenciada no Candomblé.


Já tinha lido em outro artigo, que Mãe Stella tinha inaugurado, um ônibus, com uma biblioteca itinerante com livros ligados à espiritualidade.

Fiquei maravilhado com a força daquela Yalorixá com então, 89 anos e produzindo pelo Candomblé.


Então fui a Salvador, e pude comprovar que além de toda a importância que lhe cercava como Yalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá (uma das mais importantes casas de Candomblé do Brasil) e membro da Academia de Letras da Bahia (ALB), Mãe Stella era também um grande exemplo em humildade.


E no sábado, 10 de janeiro de 2015, em uma conversa direta, desprovida de formalidades para o nosso blog, Mãe Stella falou pela primeira vez sobre a declaração de Frei Beto e com muito entusiasmo sobre a biblioteca móvel, um projeto de sua autoria num ônibus com uma biblioteca com livros não só da cultura afro, mas também de todos os segmentos sociais e religiosos.


Mãe Stella, o que a Senhora achou da declaração de Frei Beto?


- Primeiro sinto-me honrada, depois acho que foi muita generosidade da parte dele, que tem um trabalho muito importante para o nosso país, lembrar-se do meu nome. Eu, que sempre quis ver todo o trabalho do povo do Orixá ser reconhecido, fico muito feliz por poder contribuir um pouquinho com aquilo que posso realizar. Eu acho que se cada um fizer a sua parte, nós poderemos ajudar a construir um mundo mais amável e com maior respeito.


Mãe Stella, como foi o começo do projeto da biblioteca dentro de um ônibus?

-Tudo começou quando um dia eu estava deitada em minha sala e passou pela rua um comprador e vendedor de sucatas que gritava: “aqui nós compramos até ilusões”. Aquilo me fez refletir muito. Nesse tempo eu escrevia artigos para um jornal aqui de Salvador, e escrevi um sobre a importância de se ter sonhos na vida. Este artigo teve uma grande repercussão e como nós tínhamos também o nosso sonho da biblioteca itinerante, um grupo de amigos reuniu-se e comprou um ônibus usado. E como a ideia é grandiosa, eles resolveram aperfeiçoar comprando um ônibus novo, mais confortável para o projeto.


Qual o nome dado a esse projeto, quando foi inaugurado e qual a principal finalidade?

- O projeto do ônibus foi batizado de “Ânimoteca” no sentido do ânimo de alegria e do ânimo como essência divina que prá nós é o Orixá. Nós inauguramos o ônibus em setembro de 2014 no dia do lançamento do livro As Folhas Cantam (Para Quem Canta Folha). Nossa vontade é levar cultura às comunidades e cidades da Bahia. Além da cultura afro, nós reunimos livros de outras religiões, desejando assim que todos se unam através do esclarecimento. O Ânimoteca faz parte de um outro projeto “Encontro colorido da espiritualidade baiana” que tenta fazer um mundo mais encantador, com lançamentos de livros de poesia e murais com fotos de pessoas se abraçando.


Como as pessoas podem ter acesso ao Ânimoteca?

- De 16 até 31 de janeiro o Ânimoteca estará em Salvador, no terminal Marítimo de São Joaquim, mais conhecido como Ferry-boat quando terá uma extensa programação. Já no dia 21 de janeiro, que se celebra o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, por ser uma data que serve de motivação pela liberdade de culto religioso, será feito dentro da programação um recital de poesias com muitos cânticos.


Esta é Mãe Stella de Oxóssi, que entra para a história do Candomblé, com toda a sua experiência e sabedoria, e que nos mostrou que a fé é um tesouro inesgotável que torna os sonhos em realidade!


Mãe Stella: “Nã àlá sí bèrè tání mú se!” (O sonho é o começo da realização!)


Axé!






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