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Paulo de Oxalá

Candomblé chora por Mãe Stella de Oxossi


No Candomblé, a quinta feira é dedicada a Oxossi, o senhor da mata, da fartura, o grande provedor da família. E foi exatamente nesta última quinta feira do ano de 2018, que Mãe Stella, filha dileta de Oxossi foi chamada ao Ọ̀run (céu).


Maria Stella de Azevedo Santos, Mãe Stella de Oxóssi, Odé Kayode, nasceu no dia 2 de maio de 1925, em Salvador. Aos 13 anos de idade foi levada pela tia, que a criava, para o terreiro de mãe Aninha, a fundadora do Ilé Àṣẹ Òpó Àfọ̀njá. Um ano depois, foi iniciada no Candomblé. Na juventude, sempre gostou de ler. Formou-se enfermeira, profissão que exerceu durante 30 anos. Em 1976, aos 51 anos de idade, foi escolhida pelos Orixás para ser a nova líder do terreiro de São Gonçalo do Retiro. Mãe Stella foi a quinta Yalorixá a comandar o Opó Afonjá.


Em 1999, Mãe Stella conseguiu que o terreiro fosse tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).


Em 2005, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal da Bahia. Quatro anos depois, recebeu o mesmo título pela Universidade do Estado da Bahia. Além disso, Mãe Stella foi agraciada com a Comenda Maria Quitéria, da Prefeitura de Salvador, com a Ordem do Cavaleiro, do Governo do Estado, e a Ordem do Mérito, do Ministério da Cultura.


Seu pioneirismo lhe levou a ser a primeira Yalorixá no Brasil a escrever livros e artigos sobre o candomblé. Em 2013, foi eleita por unanimidade para a Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira de número 33 cujo patrono é o poeta Castro Alves.


Sempre lutou para que o sincretismo religioso, fosse separado do Candomblé, pois dizia: “Candomblé é Candomblé, e Catolicismo é Catolicismo”.


Preocupada em garantir a preservação da cultura afro, Mãe Stella participava de conferências e dava palestras. No Ilê Axé Opô Afonjá, montou o primeiro museu aberto em uma casa de candomblé, onde podem ser vistas as roupas e os objetos usados pelas filhas de santo da casa e pelos Orixás.


Em 2014, foi a homenageada da Flica, festa literária que é realizada todos os anos na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Na mesma época, criou a biblioteca itinerante ‘Animateca’, adaptando um ônibus para levar a qualquer lugar livros que abordam curiosidades sobre todas as religiões. Pregava um respeito mútuo e uma convivência pacífica entre todas as crenças para que as pessoas se aproximassem pela fé.


Yalorixá de um dos mais importantes Terreiros de Candomblé do país, Mãe Stella de Oxóssi foi uma militante do resgate cultural de um povo.


Para o Ogan e amigo José Beniste, Mãe Stella foi uma Yalorixá que inovou o Candomblé.

“Mãe Stella foi muito importante para o Candomblé, pois sua visão de vanguarda, conviveu bem com a modernidade e com as tradições. Sua trajetória será sempre referência de que podemos conservar nossas liturgias usando também a tecnologia, como forma de registrar os conhecimentos deixados pelos ancestrais".


Pai Márcio de Jagun também falou da importância de Mãe Stella: "Mãe Stella foi a primeira Yalorixá de notoriedade a escrever sobre o Candomblé. Ela nos deixa um importante legado religioso e literário!”


Mãe Stella faleceu no Hospital Incar, em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, por conta de uma infecção.


Olódùmarè ki fun ọ ni fuyì isinmi! (Que Deus lhe dê o merecido descanso!)



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