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Paulo de Oxalá

A influência bantu na língua e na cultura do Brasil


A escravidão no Brasil, teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. A maior parte dos africanos aqui escravizados, vinham da África Centro-Ocidental, e eram fornecidos por africanos chefes políticos ou mercadores portugueses.


A procedência dos africanos que aqui chegavam alcançava países da costa oeste da África, passando por Cabo Verde, Congo, Quíloa e Zimbábue.

Estes africanos dividiam-se em três grupos: sudaneses, guinenos-sudaneses e bantus. Os sudaneses dividiam-se em três subgrupos: yorubás, jejes e fanti-ashantis. Esse grupo tinha origem do que hoje é representado pela Nigéria, Benim e Costa do Ouro e o seu destino principal no Brasil, era a Bahia.


Já os bantus, grupo mais numeroso, dividiam-se em dois subgrupos: angola-congoleses e moçambiques. A origem desse grupo estava ligada ao que hoje representa Angola, Zaire e Moçambique e tinha como destino: Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo. Os guineanos-sudaneses dividiam-se em quatro subgrupos: fula, mandinga, haussás e tapas, e tinham o mesmo destino dos sudaneses.


No final do século XVI, a população da cidade do Rio de janeiro era de 3.850 habitantes, entre índios, portugueses e africanos. A grande parte desses africanos no Rio era de etnia bantu. Eles contribuíram não só na época de toda a colonização como também já no progresso do século XVIII, com os serviços de estiva no porto da cidade. Os Bairros centrais da cidade como Gamboa, Sáude, Santo-Cristo até a Cidade Nova era chamada de “Pequena África”, pois eram habitadas por muitos africanos e seus descendentes.


Os bantus promoveram e mesclaram sua cultura nativa no Rio, com os cucumbis, as congadas e o jongo que são ritmos considerados pais do samba. Na culinária inseriram, o quiabo, o angu, maxixe, jiló, a moqueca de peixe e a feijoada. Os bantus contribuíram também com seu culto aos ancestrais e as práticas medicinais e ritualísticas que favoreceram o nascimento da Umbanda. Não só no dia a dia carioca, mas em todo o Brasil, línguas bantus como: kikongo, Kimbundo, kioko e umbundo influíram nossa linguagem atual.


As etnias yorubás e jejes influenciaram nas práticas de cultos aos Orixás e Voduns, nas músicas com citações as suas divindades, nas indumentárias e na culinária afro-baiana. Mas, mesmo o vocabulário do culto jeje-nagô (mistura de yorubá com língua fon), sofre influência bantu, como no termo quizila (tabu).


A contribuição bantu na formação linguística brasileira é muito expressiva, pois são inúmeras palavras presentes em nosso vocabulário: angu, abano, banda, bunda, bazuca, caçula, capanga, candango, cachimbo, cafundó, caxumba, dendê, fubá, fundanga, batuque, macumba, miçanga, mocotó, moleque, muamba, muvuca, muquiço, quitanda, quizila, quitute, quilombo, samba, umbanda, saravá, camundongo, ginga, tanga, sunga, catinga e tantas outras palavras que marcam a influência da língua, e da cultura bantu no Brasil.


Sakidila Mbuntu Ngola! (Louvada seja a Nação Angola!)

Aueto!



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