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Paulo de Oxalá

As bençãos do Rei de Ifẹ̀ na pequena África


A região portuária do Rio de Janeiro, que abrange desde a Praça Mauá, Pedra do Sal até o Bairro da Cidade Nova foi denominada pelo compositor e cantor Heitor dos Prazeres de “Pequena África”, pelo valor histórico e patrimonial, deixados por antigos africanos, que ajudaram a construir esta cidade e este país.


Estes africanos desembarcavam no Caís do Valongo e eram comercializados em torno da Pedra da Prainha, depois conhecida como Pedra do Sal.

O Caís do Valongo recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO, em 9 de julho de 2017, por ser o único vestígio material da chegada dos africanos escravizados nas Américas.


E foi exatamente ali no Caís do Valongo, lugar onde aportaram diversas etnias vindas da África, inclusive a yorubá, que Adéyeye Ènìtán Bàbátúndé Àkándé Ògúnwùsì (Ojàjà II), atual Ọ́ọ̀ni Ifẹ̀ (Rei da cidade de Ifẹ̀ na Nigéria), esteve nesta terça-feira, 12 de junho, para soltar em seu discurso, um grito de liberdade aos ancestrais: “Liberdade é a nossa riqueza!”. É assim que o Rei em todos os seus discursos pelo Brasil tem se dirigido aos afrodescendestes do país.


O evento do Cais do Valongo, que foi apresentado por Marcelo Reis, produtor de eventos e ex-Rei Momo da cidade do Rio de Janeiro, teve a participação da Secretaria Municipal de Cultura do Município Nilcemar Nogueira, que destacou a importância da presença do Rei de Ifẹ̀ ao lugar. Nilcemar disse que o Rei veio para valorizar a história dos ancestrais que ali aportaram e ajudaram a construir nosso país. “É um momento único para o Rio de Janeiro e para todos os afrodescendentes!”, salientou Nilcemar.


De Salvador, veio Riviane Valongo coordenadora de Igualdades de Direitos e Combate à Discriminação de Camaçari/Bahia, que este esteve na recepção ao Ọ́ọ̀ni em Salvador. Para Riviane, a vinda do Rei, reforça a luta contra a discriminação racial. “A presença do Rei da empoderamento a nossa causa!”, avaliou.


O Bàbáláwo Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), também realçou a visita do Ọ́ọ̀ni Ifẹ̀. A presença do Ọ́ọ̀ni a este lugar é uma resgate a memória dos ancestrais e assegura todo o reconhecimento cultural e social deixados pelos yorubás que chegaram ao país neste caís!”


Mãe Maria de Xangô, herdeira do Axé Pantanal, único Terreiro de Candomblé que receberá a visita do Rei no Rio de Janeiro, disse que a presença do Ọ́ọ̀ni ao Brasil é uma dádiva de Olódùmarè.


O Presidente do Afoxé Filhos de Gandhi RJ, Carlos Machado, também destacou a importância da visita do Rei de Ifẹ̀ para a Cidade do Rio de Janeiro. “A visita do Rei enaltece a Cidade e o Cais do Valongo em particular!”


Além dos Filhos de Gandhi se apresentaram no evento Grupo de Jongo de Pinheiral.


Durante a cerimonia no Caís do Valongo, crianças que estavam presentes foram abençoadas pelo Ọ́ọ̀ni.


A tarde o Ọ́ọ̀ni Ifẹ̀ foi recepecionado no Teatro João Caetano. Dentre ínumeras personalidades presentes destacaram-se: Ìyá Regina Lúcia de Yemọja, Ogan Bángbàlà, Mãe Edelzuita de Òṣàgiyán e Ìyá Lina do Àṣẹ Bamgboṣe.


Ao final do evento, o Ọ́ọ̀ni fez um discurso exaltando a força dos Òrìṣà (Orixás), e o amor a todos os povos, e abençoou a equipe coordenada por Mãe Rita de Ọya, que colaborou na organização do cerimonial no Teatro.


Ọ́ọ̀ni Ifẹ̀: Òmìnira wa ọrọ̀! (Liberdade é a nossa riqueza!)


Axé!



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