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Foto do escritorPaulo de Oxalá

Violência contra a Literatura Afro 'Ọmọ -Oba - Histórias de Princesas' de Kiusam de Oliveir


O livro 'Ọmọ-Oba - Histórias de Princesas' de Kiusam de Oliveira foi rejeitado pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) de Volta Redonda, no Sul Fluminense, a pedido de um grupo de pais. A obra, escolhida pela equipe pedagógica do Sesi no dia 8, para turmas infantis, até julho, chegou a ser suspensa na quinta-feira pela instituição, que voltou atrás da decisão nesta segunda-feira, dia 19.


Pais de alunos que já haviam adquirido o livro, atribuíram a rejeição nas redes sociais a supostas intolerância religiosa e racismo. A obra já foi premiada e traz ilustrações de figuras negras e narra mitos africanos e contos de Orixás, sem conotação religiosa.


Indignada, a escritora, que é doutora em Educação e mestra em Psicologia pela USP, além de bailarina, coreógrafa e professora de dança afro, ressaltou que sua obra visa aumentar a autoestima infantil e combater preconceitos. Kiusam de Oliveira disse também que comandará uma cruzada nacional para fiscalizar o cumprimento de leis e diretrizes do Ministério da Educação e Cultura (MEC), que determinam em todo currículo escolar, público e privado, aplicação de conteúdos transversais da história da África, dos afro-brasileiros e povos indígenas.


A antropóloga e pesquisadora de religiões de matrizes africanas do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos da UFF, Rosiane Rodrigues, lamentou o ocorrido. "Seria uma imbecilidade atroz perder a oportunidade de conhecer a obra de Kiusam. Não é só ignorância ou fanatismo religioso que levam pessoas a boicotar livros. Há uma necessidade de imposição de ideias totalizantes e totalitárias sobre a realidade. O fascismo se consolida na banalização do mal", advertiu.


Em nota, a Federação das Indústrias do Rio (Firjan) admitiu que o Sesi-VR "errou ao anunciar que iria escolher outro livro no lugar de Ọmọ-Oba", e garantiu que o título será mantido. A instituição afirma ainda que a equipe pedagógica da unidade passará por reciclagem e que promoverá encontros sobre diversidade e multiculturalismo. "A instituição vem a público reconhecer o equívoco e informar que não mais será adotado um livro adicional”.


O Sesi Rio diz que está empenhado e comprometido com a questão da diversidade cultural".


Fonte: Francisco Edson Alves / O Dia online



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